quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

FILIPE V (221 - 179 a.C.) - PARTE IV

Ataque ao Quersoneso Trácio
Tendo em vista a ameaça constante de Filipe, delegações de Rodes, Pérgamo e Atenas viajaram a Roma para buscar auxílio perante o Senado. Os embaixadores informaram ao Senado sobre o tratado entre Filipe e Antíoco e reclamaram dos ataques de Filipe aos seus territórios. Em resposta a essas reclamações, os romanos enviaram três embaixadores (Marco Emílio Lépido, Caio Cláudio Nero e Públio Semprônio Tuditano) para o Egito com as ordens para irem a Rodes depois de conferenciarem com o faraó Ptolomeu V. Enquanto isso ocorria, Filipe atacou e ocupou as cidades de Maronea, Cipselas, Doriscos, Serrheum e Aemus, as quais localizavam-se na Trácia, mas pertenciam ao Egito. 
O Quersoneso Trácio
 Os macedônios então avançaram para o Quersoneso Trácio onde capturaram as cidades de Perinto, Sestos, Eleu, Alopeconeso, Calípolis e Madito. Filipe desceu então para a cidade de Abidos, que foi defendida por uma guarnição conjunta de Pérgamo e Rodes. Filipe começou o cerco bloqueando a cidade por terra e mar para deter reforços e o envio de mantimentos à cidade. Os habitantes, no entanto, repeliram as máquinas de assédio macedônicas com suas próprias catapultas bem como foram queimadas outras artefatos bélicos de Filipe pelos defensores da cidade. Com suas armas de cerco inutilizadas, os macedônios começaram a minar as muralhas da cidade conseguindo o desmoronamento da parede exterior.

A Tomada de Abidos
A situação tornou-se grave para os cidadãos de Abidos que, por fim, decidiram enviar dois de seus cidadãos mais proeminentes a Filipe como negociadores. Eles ofereceram entregar a cidade a Filipe sob as condições de que as guarnições de Rodes e Pérgamo fossem autorizadas a deixar a cidade sob uma trégua e que todos os cidadãos fossem autorizados a deixar a cidade com as roupas que estavam vestindo e ir para onde quisessem. Filipe respondeu que eles deveriam "se render em discrição ou lutar como homens." Os embaixadores, impotentes para fazer algo mais, levaram essa resposta à cidade. Ante a resposta de Filipe, os líderes da cidade convocaram uma assembléia para determinar o seu curso de ação. Eles decidiram libertar todos os escravos para garantir a sua fidelidade, transportar todas as crianças e os seus cuidadores para o ginásio e colocar todas as mulheres no templo da deusa Ártemis. Todos levaram seu ouro, prata e objetos de valor para os barcos de Rodes e de Cízico. Segundo o historiador Políbio, os habitantes fizeram um juramento de que se a muralha fosse capturada pelos macedônios, eles matariam todas as crianças e mulheres, incendiariam os barcos rodianos e cizicenses e lançariam os objetos de valor no mar após haverem imprecado maldições contra seus inimigos.
Filipe V
Depois de recitar o juramento, que apresentaram aos sacerdotes, todos juraram derrotar o inimigo ou morrer tentando. Quando o muro interior caiu, os homens, fiéis à sua promessa, lutaram com grande coragem, obrigando Filipe a reforçar seu ataque na linha de frente. Ao anoitecer, os macedônios se retiraram para o acampamento e os cidadãos de Abidos resolveram salvar as mulheres e crianças. Ao amanhecer eles mandaram alguns sacerdotes e sacerdotisas com adornos de vitória aos macedônios entregando a cidade a Filipe. Porém, os habitantes preferiram se matar para cumprir o nesfasto juramento. Muitas pessoas se mataram por punhaladas, se incendiando, enforcando-se e pulando dentro poços e de sobre os telhados.
Archivo:Map Macedonia 200 BC-es.svg
A Macedônia e reinos adjacentes no ano 200 a.C.


A Intervenção de Roma
Enquanto isso, outras partes interessadas e envolvidas na Guerra Cretense se movimentavam. Átalo atravessara o mar Egeu e aportara na ilha de Tenedos. O embaixador romano Marco Emílio Lépido rumou de Rodes para Abidos para encontrar Filipe. Lépido encontrou-se com o rei fora da cidade, informou-lhe os desejos do Senado: não travar a guerra com qualquer Estado grego, nem para interferir nos domínios de Ptolomeu, submeter arbitragem romana os prejuízos causados a Átalo e a Rodes e, que se ele assim fizesse, ele poderia ter paz. Mas se recusasse a obedecer a ele prontamente teria guerra com Roma. A essa altura Roma já havia vencido a Segunda Guerra Púnica (218-201 a.C.) tendo derrotado Cartago e anexando vastos territórios na Hispânia (atual Península Ibérica).
File:Marcus Aemilius Lepidus I.jpg
Estátua de M. E. Lépido
 Diante de um poderoso adversário, Filipe argumentou que o Rodes tinha atacado primeiro. Lépido redarguiu que Atenas, Cio e a própria Abidos diante deles também teriam atacado primeiro? O rei, sem saber o que responder, por fim, com sua contumaz altivez, disse que perdoava o atrevimento do romano por três razões: primeiro, porque ele era um homem jovem e inexperiente nesses assuntos; em segundo lugar, porque ele era o homem mais bonito do seu tempo e em terceiro lugar, porque ele era um romano. “Mas”, prossegue o rei, segundo Políbio, “de minha parte, minha primeira exigência aos romanos é que eles não deveriam quebrar seus tratados nem entrar em guerra comigo; mas se fizerem isso, vou me defender da forma mais corajosa que eu puder, apelando aos deuses para defender a minha causa." Assim era inevitável uma segunda guerra entre Roma e a Macedônia.

Fim da Guerra Cretense (200 a.C.)
Filipe ordenou outro ataque a Atenas. Embora seu exército não tenha conseguido tomar Atenas ou Eleusis, submeteu a Ática ao pior assolamento que os aticenses haviam visto desde as Guerras Persas (490-448 a.C.). Em resposta, os romanos declararam guerra contra Filipe e invadiram seu território na Ilíria. O rei foi forçado a abandonar a sua campanha contra Rodes a fim de lidar com os romanos e com a situação na Grécia. A Guerra Cretense chegara ao fim: sem o apoio de Filipe, as cidades cretenses que eram suas aliadas ficaram vulneráveis aos ataques de Rodes que por fim conseguiu apoio da cidade de Cnossos e outras cidades do interior de Creta. Hieráptina, que liderava a luta contra Rodes, por fim se rendeu. Por fim após quase perder sua independência Rodes emergia como potência do mar Egeu e passou a dominar o lado oriental de Creta.
Cnossos, a principal cidade da antiga Creta 
http://es.wikipedia.org/wiki/Guerra_cretense
http://en.wikipedia.org/wiki/Cretan_War
http://www.livius.org/he-hg/hellespont/abydus.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Marcus_Aemilius_Lepidus_(consul_187_BC)

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