quarta-feira, 10 de novembro de 2010

ANTÍGONO II GÔNATAS – PRIMEIRO REINADO (277 - 274 a.C.)

Antígono II nasceu por volta de 319 a.C. Era filho de Demétrio Poliorcetes, que era filho de Antígono I Monoftalmo, general macedônio e diádoco do rei Alexandre Magno, que então controlava grande parte da Ásia. Sua mãe era Fila, filha de Antípatro, que controlava a Macedônia e a Grécia e foi reconhecido como regente de todo o império de Alexandre. Segundo o historiador Eusébio de Cesareia ele foi apelidado de “Gônatas” por que nasceu na cidade de Gonni na Tessália (atual cidade de Gonnoi na Grécia). Mas pode ser que Gonatas seja derivado de uma chapa de ferro protegia o joelho (em grego antigo gonu, sendo o genitivo gonatos).
região de Gonnoi na Tessália
Prolegômenos
Com morte de Alexandre Magno em 323 a.C., o general Pérdicas foi reconhecido como regente do império macedônico em nome dos reis Filipe III Arrideu e Alexandre IV. Por suas ambições, Pérdicas foi combatido e vencido pelos mais poderosos governadores do Império e em 320 a.C. Antípatro foi reconhecido como o novo regente. A morte dele em 319 iniciou um período de guerras entre os diádocos (sucessores) visto que alguns governadores, embora aceitassem em tese a unidade do Império sob um rei ou regente legítimos, na prática queriam manter seus territórios autônomos ou até mesmo independentes. 
Alexandre, o Grande
O avô de Gônatas, Antígono I, controlou a maior parte da Ásia e junto com seu filho Demétrio visavam controlar todo o império conquistado por Alexandre Magno. Eles foram os primeiros a usarem o título de basileus, rei, antes reservado aos descendentes de Filipe II e Alexandre Magno. Como esses foram sendo mortos ao longo dos conflitos, os tênues escrúpulos dos governadores foram deixados de lado e eles, seguindo exemplo de Antígono, também se reconheceram como reis sobre os territórios que administravam. Depois de chegar mais perto do que ninguém a reunificação do império de Alexandre, Antígono Monoftalmo foi derrotado e morto na grande batalha de Ipso, em 301 e o território que anteriormente controlava foi dividido entre seus inimigos, os reis Cassandro, Ptolomeu, Lisímaco e Seleuco.
Os reinos helenísticos após a batalha de Ipso

Príncipe da Macedônia
O destino de Antígono Gônatas, agora com 18 anos, estava intimamente ligado ao de seu pai, Demétrio, que escapou da batalha de Ipso com 9.000 soldados. A rivalidade entre os vencedores finalmente permitiu que Demétrio recuperasse parte do poder que seu pai tinha perdido. Ele conquistou a Atenas e grande parte da Grécia e em 294 a.C. ele tomou o trono da Macedônia após matar o rei Alexandre V, filho de Cassandro. Porque Antígono Gônatas era neto do antigo regente Antípatro e sobrinho do rei Cassandro através de sua mãe, sua presença ajudou a que os macedônios aquiescessem na usurpação de Demétrio.
Moeda com a efígie do rei Demétrio I Poliorcetes

General de Demétrio
Em 292 , quando Demétrio estava em campanha na Beócia, ele recebeu a notícia de que Lisímaco, o rei da Trácia e inimigo de seu pai, tinha sido feito prisioneiro por Dromiquetes, régulo dos getas. Na esperança de aproveitar os territórios de Lisímaco da Trácia e na Ásia, Demétrio delega o comando de suas forças na Beócia a Antígono e imediatamente marcha para o norte. 
Lisímaco, rei da Trácia e Ásia Menor
Durante sua ausência, os beócios se rebelaram, mas foram derrotados por Antígono, que os encurralou em Tebas onde foram cercados. Após o fracasso de sua expedição para a Trácia, Demétrio juntou-se a seu filho no cerco de Tebas. Como os tebanos defendiam sua cidade teimosamente, Demétrio muitas vezes forçou seus homens a atacarem a cidade com um grande custo, mesmo que houvesse pouca esperança de capturá-la. Diz-se que, incomodado pelas pesadas perdas de homens, Antígono perguntou ao pai: "Ora, pai, vamos permitir que essas vidas sejam jogadas fora tão desnecessariamente?” Demétrio, mostrando menosprezo pelas vidas dos seus soldados, respondeu "Nós não temos que procurar rações para os mortos". Mas ele também mostrou um semelhante desprezo pela sua própria vida e foi gravemente ferido no cerco por um dardo no pescoço. 
Demetrius Poliorcetes
Demétrio Poliorcetes assediando uma cidade com seu maquinário bélico
Em 291, Demétrio finalmente tomou a cidade após o uso de máquinas de cerco para demolir as paredes. Mas o controle da Macedônia e da maior parte da Grécia parecia ser apenas um trampolim para os seus planos de conquistar ainda mais. Seguindo os passos de seu pai, Demétrio visava nada menos que o renascimento do império de Alexandre e começou a fazer os preparativos em grande escala, ordenando a construção de uma frota de 500 navios, muitos deles de dimensão sem precedentes.

A Queda de Demétrio I Poliorcetes
As ações de Demétrio alarmaram os outros reis: Seleuco da Ásia, Ptolomeu do Egito, Lisímaco da Trácia e Pirro do Épiro, que logo formaram uma aliança. Na primavera de frota de 288 a.C. Ptolomeu apareceu na Grécia incitando as cidades a se revoltarem. Ao mesmo tempo, Lisímaco atacou a Macedônia a partir do leste, enquanto Pirro o fez a partir do oeste. Demétrio deixou Antígono no controle da Grécia, enquanto ele avançou em direção à Macedônia. Os macedônios ressentidos da extravagância e arrogância de Demétrio não estavam preparados para combater uma difícil campanha por ele. Em 287, Pirro tomou a cidade de Bereia e por fim o exército macedônio desertou e passou para o inimigo, que era muito admirado pelos macedônios por sua bravura. Pirro e Lisímaco dividiram o reino da Macedônia entre si. Nesta mudança de sorte, Fila, a mãe de Antígono, vendo a ruína de sua monarquia e família, se matou com veneno.
O filósofo Menedemo com Antígono Gônatas e sua mãe Fila
Enquanto isso, na Grécia, Atenas se revoltou contra Demétrio; ele voltou e sitiou a cidade, mas logo ficou impaciente e decidiu um curso mais dramático para sua campanha. Deixando Antígono encarregado da guerra na Grécia, ele reuniu todos os seus navios e embarcou com 11.000 homens de infantaria e sua a cavalaria para atacar as regiões da Cária e Lídia, províncias do reino de Lisímaco. Demétrio, porém não teve êxito em sua campanha asiática. Perseguido por toda a Ásia Menor até aos Montes Taurus pelos exércitos de Lisímaco e Seleuco, amenizou as ameaças contra seu filho fazendo com que Antígono fosse bem sucedido na Grécia: a frota de Ptolomeu foi expulsa e Atenas se rendeu. Em 285, Demétrio, desgastado pela sua campanha infrutífera, entrega-se a Seleuco. Nesse ponto, ele escreve para o filho e seus comandantes em Atenas e Corinto, dizendo-lhes que, doravante, deveriam considerá-lo um homem morto e que ignorassem todas as cartas que pudessem receber escritas sob seu selo. Antígono agora teria que controlar a Grécia com os recursos que dispunha. Em 284 a Macedônia era governada só por Lisímaco que fora um dos antigos companheiros de Alexandre, o Grande, e gozava de grande prestígio entre os macedônios que preteriram a Pirro do Épiro. Após a captura de seu pai, Antígono provou ser um filho fiel. Ele escreveu a todos os reis, especialmente Seleuco, oferecendo entregar todo o território que controlava e propondo-se como um refém para a liberação de seu pai, mas não adiantou. Em 283, com cerca de 55 anos, Demétrio morreu em cativeiro na Síria após constantes estados de embriaguez. Quando Antígono soube que os restos mortais de seu pai estavam sendo levados para ele, lançou-se ao mar com sua frota e juntou-se aos navios de Seleuco perto das ilhas Cíclades. Antígono transportou as relíquias paternas para Corinto onde houve uma grande cerimônia fúnebre. Depois disso, os restos mortais foram enterrados na cidade de Demetrias que seu pai havia fundado na Tessália.
Frota de embarcações gregas

Macedônia à Deriva
Em 282, Seleuco declarou guerra a Lisímaco e no ano seguinte derrotou-o e matou-o na Batalha de Corupédio na Lídia. Ele então atravessou a Europa para reivindicar a Trácia e a Macedônia. Porém, Ptolomeu Cerauno, filho de Ptolomeu I do Egito, que instigara com sua irmã Lisandra o rei da Ásia a combater Lisímaco, traiu e assassinou Seleuco e tomou o trono da Macedônia. Antígono entendeu que o tempo era propício para ter de volta o reino de seu pai, mas quando ele marchou para o norte, Ptolomeu Cerauno derrotou o seu exército. O sucesso de Ptolomeu, no entanto, foi breve. No inverno de 279, uma grande horda de gauleses caiu sobre a Macedônia vinda das florestas do norte. Eles mataram Cerauno em batalha. A partir daí seguiu-se cerca de dois anos de anarquia no reino. Meleagro, irmão de Cerauno, reinou dois meses e foi deposto por sua incapacidade de lidar com a invasão gaulesa. O mesmo aconteceu com o próximo rei, Antípatro Etésias, que reinou apenas 45 dias. O general Sóstenes conseguiu levantar os macedônios da apatia em que se encontravam e obteve certo êxito contra os gauleses, mas também acabou por ser restringido por novos ataques gauleses. Depois de saquear Macedônia, os gauleses invadiram a Grécia. Antígono colaborou na defesa da Grécia contra os invasores, mas foram os etólios que assumiram a liderança para derrotar os gauleses. Em 278, um exército grego com um grande contingente etólio resistiu aos gauleses nas Termópilas e em Delfos, e apesar da derrota, infligindo-lhes pesadas baixas e obrigando-os a recuar.
Representação de gauleses (gálatas) derrotados

O Novo Rei da Macedônia
No ano seguinte (277 a.C.), Antígono, navegou para o Helesponto, pousando perto de Lisimáquia no Quersoneso trácio. Quando um exército de gauleses sob o comando do Cerétrio apareceu, Antígono preparou-lhes uma emboscada. Ele abandonou o seu acampamento e seus navios ancorados, escondendo seus homens. Os gauleses saquearam o acampamento, mas quando eles começaram a atacar os navios, o exército de Antígono apareceu, aprisionando-os com o mar à sua retaguarda. Desta forma, Antígono foi capaz de infligir uma derrota a eles e reivindicar o trono da Macedônia. Antíoco I, filho de Seleuco, protestou e reivindicou o trono da Macedônia que entendia ser seu por direito visto que seu pai derrotara o rei Lisímaco. Mas, o impasse foi solucionado pelo casamento de Antígono com Fila (II) que era sua sobrinha e ao mesmo tempo meia-irmã de Antíoco I.
Antíoco I Sóter
Pirro contra Antígono
Pirro, rei do Épiro, país vizinho a oeste da Macedônia, governara a Macedônia em 288-285 a.C. Ele ficou ocupado em suas campanhas no exterior. Na esperança de conquistar primeiramente a Itália, ele se envolveu em guerras contra Roma e Cartago, os dois Estados mais poderosos no Mediterrâneo ocidental. Precisando de reforços, ele escreveu a Antígono como um rei grego companheiro, pedindo-lhe tropas e dinheiro, mas Antígono, polidamente, recusou. Para Antígono, não obstante as qualidades militares de Pirro, ele era como um jogador de dados que desperdiçava seus talentos à sorte. Após, a inconclusiva Batalha de Benevento em 275 contra os romanos, Pirro decidiu terminar a sua campanha na Itália e voltar para Épiro.
File:Diadochi2.png
A Macedônia e reinos vizinhos em 275 a.C.
Pirro voltara ao Épiro com um exército com mais de oito mil homens de infantaria além da cavalaria e estava precisando de dinheiro para pagá-los. Isso o incentivou a procurar uma outra guerra, então no ano seguinte, após a adição de uma força de mercenários gauleses para seu exército, ele invadiu a Macedônia, com a intenção de encher seus cofres com a pilhagem. A campanha, porém foi melhor que o esperado. O rei do Épiro conquista várias cidades e foi apoiado por dois mil desertores das forças de Gônatas. Assim, suas esperanças começaram a crescer e ele saiu em busca de Antígono. Ele atacou seu exército em uma passagem estreita e lançou-o em desordem. Os soldados macedônios de Antígono recuaram, mas o seu próprio corpo de mercenários gauleses, que tinham o encargo de seus elefantes, manteve-se firme até que as tropas de Pirro os cercaram, após o que se renderam e entregaram os elefantes. Pirro continuou a perseguir o resto do exército de Antígono, que, desmoralizado por sua derrota anterior, se recusou a lutar. Quando os dois exércitos se enfrentaram, Pirro chamou vários oficiais pelo nome e convenceu todo o corpo de infantaria a desertar para seu lado. Antígono fugiu, escondendo sua identidade. Pirro agora assumiu o controle da Macedónia e da Tessália superior, enquanto Antígono dominava as cidades costeiras. Antígono II Gônatas reinara apenas cerca de cinco anos e deixou o trono para Pirro I do Épiro.
Pirro I do Épiro aclamado na Macedônia
REFERÊNCIAS
http://www.attalus.org/translate/eusebius2.html#235
http://en.wikipedia.org/wiki/Antigonus_II_Gonatas

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