sexta-feira, 12 de novembro de 2010

PIRRO DO ÉPIRO - SEGUNDO REINADO (274 - 272 a.C.)

As Guerras Pírricas
Após ser expulso por Lisímaco da Macedônia em 285 a.C. Pirro do Épiro voltou-se para a Magna Grécia, isto é, a civilização grega na península e ilhas itálicas. Enquanto o reino da Macedônia ficava à deriva sofrendo as invasões gaulesas e sendo liderada por governantes ineptos, o rei do Épiro alcançava o auge de seu poder. As campanhas de Pirro na Itália e na Sicília foram chamadas de Guerras Pírricas (280 - 275 a.C.) e começaram como um conflito de pouca importância entre Roma e a cidade de Tarento pela violação de um tratado marítimo cometida pelos romanos. Tarento, contudo, tinha prestado ajuda a Pirro no seu conflito com a ilha de Corfu, e tinha solicitado ajuda militar de Épiro. 
As Guerras Pírricas (280 - 275 a.C.)

Pirro honrou a sua obrigação com Tarento, pelo que se uniu à série de conflitos que envolviam esta cidade, Turios (assim como outras cidades da Magna Grécia), os romanos, os samnitas e os etruscos. Por fim, Pirro também se envolveu nos conflitos políticos internos da Sicília, assim como na luta que mantinha esta ilha contra o domínio da cidade afrofenícia de Cartago. A campanha na Sicília acabou sendo infrutífera e Pirro retorna a Itália onde vai enfrentar novamente os romanos.

A Batalha de Benevento e o Retorno ao Épiro
Estando Pirro na Itália, a guerra com os romanos se reiniciou (275 a.C.). Os cônsules de Roma eram Mânio Cúrio Dentato e Sérvio Cornélio Merenda. Dentato avançou para o sul da Itália e Pirro avançou contra ele, que estava acampado na periferia da cidade de Malevento, antes que chegasse Merenda. Dentato queria evitar a batalha antes que chegasse seu colega, mas o avanço noturno de Pirro precipitou o confronto. As forças exaustas de Pirro foram facilmente vencidas. Os romanos enfrentaram os elefantes do rei epirota com flechas em chamas. Porque Malvento soava como a palavra latina para má oportunidade, os romanos mudaram o nome da cidade para Benevento,"boa oportunidade", sendo hoje seu atual nome. Pirro retornou a Tarento. Recorreu aos reis da Macedônia e da Síria por mais suprimentos, mas sem sucesso. Sendo mal visto pela população tarentina e sem condições de proseguir uma guerra com Roma, Pirro deixa uma guarnição em Tarento sob o comando de seu filho Heleno e de Milo, e volta para o Épiro (274 a.C.) que encontrava-se sob a regência de seu filho Ptolomeu. O rei voltara financeiramente quebrado, mas seu espírito guerreiro ainda ardia haja vista ter voltado, apesar de sua derrota, com considerável efetivo militar. Sendo assim, Pirro e Ptolomeu recuperam a ilha de Corcira na costa do Épiro. Abaixo: os elevantes de Pirro foram ineficazes na batalha de Benevento.


Invasão à Macedônia
Em 273 a.C. Pirro invadiu a Macedônia, onde reinava então Antígono II Gônatas, filho de Demétrio I Poliorcetes. Pirro reforçou seu exército com um corpo de mercenários gauleses e, inicialmente, o seu único objetivo parecia ser apenas saquear cidades para fortalecer suas combalidas finanças. Mas seu sucesso excedeu as suas expectativas: ele obteve a posse de várias cidades sem resistência e ainda teve o acréscimo de dois mil soldados. Quando Antígono avançou para detê-lo, Pirro o emboscou em um desfiladeiro, matando a maioria de seus mercenários gauleses e capturando os seus elefantes. Pirro avançou contra os conturbados soldados macedônicos que não resistiram a Pirro que chamava seus líderes veteranos pelo nome: Antígono viu sua falange macedônica desertar e dar boas vindas a Pirro como o novo rei da Macedônia. Antígono se retirou para o litoral recuperando algumas cidades costeiras. Pirro dedicou sua vitória a deusa grega Atena e lhe consagrou os escudos tirados dos gauleses mercenários de Antígono. Assim, Pirro, o molosso rei do Épiro, era novamente rei da Macedônia. Abaixo, Pirro e seus homens celebrando uma vitória.

Guerra com Esparta
Cleônimo, membro da família real de Esparta que tinha sido excluído do trono, teve sua jovem esposa, Quelidonis, seduzida por Acrótato, filho de Areu I, que reinava em Esparta. Cleônimo, ansioso por vingança, chegou à corte de Pirro e convenceu-o a declarar guerra contra Esparta para fazer prevalecer os direitos de Cleônimo ao trono. Pirro fez uma expedição ao Peloponeso. Enquanto lá ele esteve, recebeu várias embaixadas, dentre as quais a espartana. Ele prometeu enviar seus filhos para Esparta, para serem treinados de acordo com os preceitos de Licurgo (lendário legislador de Esparta). Apesar de os embaixadores espartanos enfatizarem a natureza pacífica e amigável de Pirro, este marchou para Lacedemônia ( país de Esparta) em 272 a.C. com um exército de 25.000 soldados, 2.000 cavalos e 24 elefantes. Quando os embaixadores espartanos o repreenderam por agir contra as suas próprias palavras, Pirro respondeu, segundo o historiador Polieno (Estratagemas 6.1): “Quando vós os espartanos resolveis fazer a guerra, é vosso costume não informar o inimigo. Não me acuseis, portanto, de injustiça, se hei utilizado um estratagema espartano contra os mesmos espartanos”. Abaixo, mapa do Épiro e seus vizinhos.
Em Esparta não havia nenhuma preparação defensiva, e o próprio rei Areu se encontrava em Creta. Tão logo chegou Pirro, Cleônimo pediu-lhe para atacar a cidade diretamente. De acordo com Plutarco, como o dia avançava, Pirro decidiu adiar o ataque até o dia seguinte, temendo que os seus homens saqueassem a cidade se esta caisse depois do pôr do sol. Durante a noite, os espartanos, jovens e velhos, homens e mulheres, trabalharam incessantemente para cavar uma cova profunda em frente ao campo inimigo e, ao final de cada barragem formaram uma forte barricada de carretas. No entanto em sua Descrição da Grécia, Pausânias diz que tais trincheiras e barricadas existiam desde a guerra de 295 a. C. contra Demétrio I Poliorcetes, até mesmo as edificações que cobriam os pontos mais fracos. Ele também alega que os espartanos enfrentaram Pirro em batalha ao lado messênios e argivos, seus aliados, e foram derrotados, após o que foi o rei epirota se contentou em saquear o acampamento inimigo. Abaixo, pintura de Jean-Baptiste Topino-Lebrun retratando o sítio de Esparta por Pirro.Segundo outros autores, no dia seguinte, Pirro avançou em direção à cidade mas foi rechaçado pelos espartanos que lutaram sob o comando de seu jovem líder Acrótato de uma maneira digna sua fama ancestral. Ele renovou o ataque no dia seguinte, sem melhor resultado. Quando rei Areu chegou com 2000 cretenses juntamente com Amínias de Focéia, general de Antígono, com tropas auxiliares de Corinto, Pirro abandonou qualquer esperança de capturar a cidade, mas não abandou por completo sua campanha, pois decidiu passar o inverno no Peloponeso e se preparar para novos empreendimentos quando da chegada da primavera.

A Última Batalha da Águia do Épiro
Enquanto se preparava Pirro foi convidado por Aristeu, um dos notáveis da cidade de Argos, para ajudá-lo contra o seu rival Aristipo, cuja causa era favorecida por Antígono II Gônotas. Pirro começou seu avanço a partir de Lacedemônia, mas não sem lutas intensas, pois os espartanos atacaram sua marcha e ocuparam algumas passagens das montanhas. Em um desses encontros morreu o filho mais velho de Pirro, Ptolomeu, que fora regente do Épiro e provável sucessor do rei epirota. Com grande dor, Pirro vingou sua morte matando o chefe da guarnição espartana com as próprias mãos. Quando chegou nas proximidades de Argos, encontrou Antígono acampado em uma colina perto da cidade, mas não conseguiu induzi-lo a lutar. Abaixo, ruínas do antigo teatro de Argos na cidade atual.Havia um partido em Argos que não pertencia a nenhuma das facções e estava ansioso para livrar-se tanto de Pirro como de Antígono. Eles enviaram uma embaixada aos dois reis, pedindo-lhes para se retirar da cidade. Antígono concordou e enviou seu filho como refém, mas Pirro se recusou e não enviou nenhum refém. Ao anoitecer, Aristeas permitiu a Pirro passagem para a cidade; este entrou no mercado com alguns de seus soldados, deixando seu filho Heleno com o grosso das tropas no lado exterior. Quando o alarme veio, a fortaleza foi ocupada por argivos da facção contrária. Areu e seus espartanos, que tinham seguido de perto a Pirro, foram admitidos no interior da cidade. Antígono também pode inserir uma parte de suas tropas para dentro, sob o comando de seu filho Alcíone, enquanto ele permanecia fora com o grosso de seu exército. Abaixo, moeda com a efígie de Antígono II Gônatas.Ao fim da madrugada, Pirro viu que todas as praças fortes estavam sob controle do inimigo, tornando-se necessário se retirar. Ele enviou ordens para que seu filho Heleno quebrar parte das muralhas, lugar por onde ele poderia mais facilmente se retirar, mas um erro na entrega da mensagem fez com que Heleno tentasse entrar na cidade pelo mesmo lugar onde Pirro estava saindo. Os dois grupos se encontraram de frente e para aumentar a confusão um dos elefantes caiu na porta, e um segundo tornou-se selvagem e incontrolável. Pirro, na retaguarda, tentava segurar o inimigo. Enquanto lutava, ficou levemente ferido no peito por uma lança e, voltando-se para se vingar do argivo que o tinha atacado, a mãe do soldado, vendo seu filho em perigo, jogou do telhado da casa onde se achava uma telha pesada que golpeou Pirro na nuca. Ele caiu de seu cavalo atordoado e foi reconhecido por Zópiro, um dos soldados de Antígono. Ele foi morto quando estava deitado, decapitado e sua cabeça enviada para Alcíone, que exultante, levou o sangrento troféu a Antígono, seu pai. Mas, Antígono desviou o olhar. Tratou Heleno, filho de Pirro, com magnanimidade e entregou-lhe o cadáver de seu pai, permitindo ainda que Heleno retornasse ao Épiro com segurança. Seus restos mortais foram depositados no templo da deusa Deméter. No trono do Épiro, Pirro foi sucedido por seu filho Alexandre II e  na Macedônia Antígono II Gônatas recuperou o trono e reinstalou a dinastia Antigônida. Abaixo, ilustração da morte de Pirro.
REFERÊNCIAS:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pirro
http://es.wikipedia.org/wiki/Pirro_de_Epiro
http://www.livius.org/ps-pz/pyrrhus/pyrrhus03.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerras_p%C3%ADrricas

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