terça-feira, 4 de janeiro de 2011

FILIPE V (221 - 179 a.C.) - PARTE II

Batalhas na Grécia
A frota romana unida à de Pérgamo controlava os mares, e Macedônia e os seus aliados eram bloqueados por terra pelo restante dos integrantes da coligação antimacedônica. A estratégia romana de semear a discórdia entre os gregos na própria Grécia e impedir que os macedônios passassem para Itália ou Ilíria estava dando resultado. Quando Levino voltou a Roma para tomar posse do seu consulado, pôde informar sem temor ao Senado de que a legião deixada para fazer frente a Filipe estava completamente segura. Contudo, os demais componentes da coligação antimacedônica permaneceram num estado de passividade durante 210 , tempo que Filipe aproveitou para continuar realizando incursões. Após intensos trabalhos de sítio, Filipe tomou Equino, defendida pelo estratego Dorimaco e a frota romana, comandada agora por Públio Sulpício Galba Máximo. 
Filipe V
Trasladando-se para oeste, Filipe tomou Falara e a cidade portuária de Lámia. Galba Máximo tomou Egina, uma ilha do Golfo de Salônica, que os etólios venderam ao rei de Pérgamo por trinta talentos e que se usou como base principal de operações contra Macedônia no Mar Egeu. Na primavera de 209 a.C., Filipe recebeu petições de ajuda dos seus aliados da Liga Aqueia do Peloponeso que estavam sendo atacados por Esparta e os seus aliados da Liga Etólia. Também recebeu notícias da nomeação do rei Átalo I de Pérgamo como um dos líderes da Liga Etólia e de que intentava cruzar o Mar Egeu para a Ásia Menor. Filipe marchou para sul da Grécia. Em Lámia enfrentou-se ao outro líder da Liga Etólia, o estratego Fírrias, que era apoiado por tropas auxiliares romanas e as de Pérgamo. Filipe venceu em duas batalhas ao seu inimigo em Lámia e obrigou-o a retirar-se ao interior das muralhas após ter infligido graves perdas às tropas de Fírrias.

Negociações de "Paz"
De Lámia, Filipe dirigiu-se para Falara. Ali se reuniu com os representantes dos Estados neutros do conflito: Egito, Rodes, Atenas e Quíos. Estes países visavam acabar com a guerra, pois esta afetava seriamente as atividades econômicas mais importantes destes países. Foram feitas negociações entre o líder etólio Aminador e Filipe que assinaram uma trégua de 30 dias. Porém, Filipe marchou para bloquear o possível desembarque de Átalo I e depois voltou de novo, para reunir-se com os etólios. A conferência foi interrompida pela chegada de notícias de que Átalo conseguira desembarcar em Egina e que a frota romana estava em Naupacto. Os representantes etólios exigiram que Filipe cedesse Pilos a Messênia, Atintânia aos romanos e os territórios dos ilírios ardieus para os chefes ilírios Pleuratos e Escerdilaidas. Filipe retirou-se indignado da conferência, alegando que embora ele buscasse verdadeiramente a paz, os etólios apenas buscavam um pretexto para recrudescer a guerra.
Moeda com a efígie de Filipe V

A Guerra Continua
A partir de Naupacto, Galba Máximo navegou em direção a Corinto e Sicião (cidades da Liga Aqueia, aliadas de Filipe), e dirigiu rápidas incursões por essa zona. Filipe com a sua cavalaria surpreendeu os romanos e os fez fugir para as suas próprias embarcações com as quais retiraram-se para Naupacto. Após isso, Filipe uniu-se perto da cidade de Dime ao general da Acaia, Ciclíadas, para atacarem em conjunto à cidade de Elis, a base da Liga Etólia contra a Acaia. Contudo, Galba Máximo já navegara para Cilene e reforçou a cidade com 4000 legionários romanos antes do assédio. Filipe dirigiu o ataque da cavalaria contra o inimigo, mas foi abatido do seu cavalo e, após uma encarniçada batalha na qual os macedônios foram derrotados, conseguiu escapar. Após esta derrota, Filipe capturou a cidadela de Fírico, tomando 4.000 prisioneiros e 20.000 animais. Quando teve notícias de novas incursões na Ilíria, Filipe abandonou a Etólia e voltou para a cidade de Demétrias, na Tessália, uma das principais de seu reino.
Olympie Temple Zeus.JPG
Templo de Zeus em Elis
Entrementes, Galba Máximo navegara pelo Egeu e se unira ao seu aliado Átalo I de Pérgamo em Egina para passar o inverno. Em 208 a.C., Átalo e Galba Máximo combinaram a sua frota, composta por 25 barcos de Roma e 35 de Pérgamo, e tentaram sem sucesso tomar Lemnos, mas conseguiram ocupar a ilha próxima de Parapetos (Skolas), que estava sob posse macedônica. Após o seu sucesso, Átalo e Galba Máximo reuniram-se em Heracleia de Traquínia com os líderes da Liga Etólia. Da reunião participaram representantes do Egito e da ilha de Rodes, que continuavam tentado conseguir o fim do conflito. Quando Filipe teve notícias da conferência, marchou depressa para sul onde tentou capturar os líderes inimigos, mas chegou tarde demais.
Moeda de Filipe V com a imagem de Hércules
Rodeado pelos seus inimigos, Filipe foi obrigado a adotar uma nova política defensiva. Distribuiu os seus comandantes e líderes militares por todo o território macedônico e estabeleceu um sistema de fogueiras por todas as cidades importantes para informarem dos movimentos dos inimigos. Após abandonar Heracleia de Traquínia, Átalo e Galba Máximo saquearam Oreus, ao norte de Eubeia e Opunte, a cidade principal do leste da Lócrida. As riquezas de Oreus foram para Galba Máximo, enquanto as de Opunte foram para Átalo. Contudo, com as forças divididas, pois Galba Máximo fora embora para iniciar a confiscação dos bens da sua cidade, Filipe, avisado pelo sistema de sinais de fogo, atacou e tomou Opunte. Átalo, surpreendido pelo ataque inesperado, apenas pôde escapar para seus navios.
Moeda com imagens de Filipe V e da deusa Atena

O Avanço de Filipe V
Não obstante não ter conseguido capturar Átalo, Filipe notou que a guerra estava outra vez mudando de lado. Átalo foi obrigado a voltar para Pérgamo onde teve que se posicionar contra o rei da Bitínia, Prúsias I, que tinha laços de parentesco com Filipe, e estava se mobilizando contra Pérgamo. Enquanto isso, Galba Máximo voltou para Egina. Livre da pressão das frotas combinadas de Roma e de Pérgamo, Filipe pôde retomar a ofensiva contra os etólios. Capturou as cidades de Trônio, Titrônio e Drimeia, a norte de Cépsio, bem como também retomou o controle de Oreus. Os Estados comerciantes neutros no conflito continuaram a impulsionar um tratado de paz. Filipe reuniu-se duas vezes com os embaixadores de Rodes e do Egito, mas sem sucesso. 
Moeda de Filipe V
Os representantes de Rodes, Egito, Bizâncio, Quíos, Mitilene e, talvez, Atenas, se reuniram com os líderes etólios. A guerra estava-se inclinando cada vez mais para o lado de Filipe, porém os etólios não estavam dispostos a assinar um acordo de paz com as imposições abusivas do monarca macedônio. Contudo, após três meses mais de conflito, os etólios viram-se obrigados a assinar uma paz desfavorável sem o consentimento de Roma com o fim de conservar o seu território (207 a.C.). Aliás, os romanos começavam a desviar sua atenção dos etólios para se concentrarem na ameaça vinda de Cartago e Pérgamo dava atenção à ameaça vinda da Bitínia.
Prusias I da Bitínia
Porém, Roma não deixaria o rei macedônio despreocupado, já que Filipe não visava o somente o domínio da Grécia; sua intenção de invadir a Itália é que iniciara o conflito. Na primavera seguinte os romanos enviaram Públio Semprônio Tuditano com 35 barcos e 11.000 homens a Dirraquio na Ilíria, onde incitou a tribo dos partinos contra Filipe e pôs cerco a Dimale. Contudo, quando chegou Filipe, Semprônio levantou o assédio e refugiou-se sob as muralhas de Apolônia. Semprônio tentou sem sucesso que os etólios voltassem a entrar na guerra contra Filipe, mas estes, cansados de batalhar, negaram-se. Sem mais aliados na Grécia, o Senado estava preparado para assinar a paz desde de que Filipe não apoiasse Aníbal na guerra contra Roma.

A Paz de Fênice
Um tratado foi assinado em Fênice no Épiro em 205 a.C. entre Roma e seus aliados e Filipe V e seus aliados. O tratado reconheceu formalmente a posição vantajosa da Macedônia, incluindo seu domínio sobre partes da Ilíria, mas Filipe teve que repudiar a sua aliança com Aníbal. As condições do tratado permitiram que Roma controlasse os ilírios partinos bem como as localidades de Dimalo, Bargulo e Eugênio, enquanto a Macedônia, com a aprovação do Senado Romano, iria controlar Atintânia. Entre os outros envolvidos no tratado estavam Prusias I da Bitínia, os aqueus, a Beócia, a Tessália, o acarnanianos e os epirotas (do lado de Filipe) e algumas tribos dos ilírios, Átalo I de Pérgamo, Pleuratos II dos ardieus, Nabis de Esparta, a cidade de Elis, o messênios e os atenienses (do lado de Roma). O tratado também estipulou que Filipe V não podia expandir-se para o Ocidente, Ilíria e mar Adriático. Esse tratado de paz é conhecido como a "Paz de Fenice" e finalizou oficialmente a Primeira Guerra Macedônica, um conflito armado que durara nove anos.
File:Thesauròs di Phoinike.jpg
Ruínas de Fênice

A Guerra Cretense (205 - 200 a.C.)
Apesar do fim da guerra, os instintos belicosos de Filipe V não arrefeceram. Pelo tratado de Fênice, os macedônios não podiam se expandir para o ocidente e uma intervenção no Oriente poderia alarmar novamente a República Romana. Porém, Roma estava ocupada com Cartago e Filipe esperava tirar proveito disso para assumir o controle do mundo grego, especialmente do Mar Egeu que era dominado militar e economicamente pela ilha-Estado de Rodes, que, formalmente, era aliada da Macedônia e de Roma. Suas ambições poderiam lograr êxito através de uma aliança com Creta, vez que já havia feito as pazes com os etólios e Pérgamo não teria condições de enfrentá-lo, pois preocupava-se com a expansão do vizinho reino  da Bitínia. Além de começar a construir uma grande frota, Filipe considerou duas maneiras de abalar o domínio de Rodes sobre o mar: a pirataria e a guerra. Decidido a usar os dois métodos, ele encorajou seus aliados para começar a ataques piratas contra os navios de Rodes. Filipe convenceu os cretenses, que tinham sido envolvidos em pirataria por um longo tempo, os etólios e os espartanos a participar na pirataria. A atração para esses povos era a promessa de grande enriquecimento com a captura dos navios de Rodes. Ele enviou o pirata etólio Dicearco em uma grande razia através do Mar Egeu no decurso da qual ele saqueou as ilhas Cíclades e territórios de Rodes.
A cidade de Rodes antes de 226 a.C. quando um
terremoto demoliu o seu famoso colosso.

REFERÊNCIAS:
http://www.livius.org/phi-php/Filipe/Filipe_v.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Guerra_Maced%C3%B4nica#Primeira_Guerra_Maced.C3.B4nica
http://en.wikipedia.org/wiki/First_Macedonian_War
http://en.wikipedia.org/wiki/Treaty_of_Phoenice
http://es.wikipedia.org/wiki/Guerra_cretense
http://en.wikipedia.org/wiki/Cretan_War

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