sexta-feira, 17 de setembro de 2010

ALEXANDRE IV (323 – 309 a.C.)

Alexandre IV (em grego, Aλέξανδρος Aιγός, 323 – 309 a.C., ) é também conhecido como Alexandre Aegus e foi filho de Alexandre, o Grande, com a princesa Roxane da Báctria. Abaixo, o casamento de Alexandre com Roxane por André Castaigne.


Um Império de Dois Reis
Quando Alexandre morreu na Babilônia em 11 de junho 323 a.C, Roxane estava grávida e obviamente o sexo da criança era desconhecido. Mas, o Conquistador não designara sucessor. Por essa razão, houve dissensão no exército da Macedônia por causa da ordem de sucessão. A infantaria liderada por Meleagro apoiava o tio do bebê, Arrideu, que era mentalmente deficiente e filho ilegítimo de Filipe II, porém era o parente vivo mais próximo de Alexandre e assim deveria ser o rei. O general Pérdicas, comandante da cavalaria, primeiro queria esperar para ver se Roxane iria conceber um bebê do sexo masculino, pois seria filho legítimo do rei, embora mestiço de macedônio com iraniano. Meleagro acabou por ser morto e para evitar uma guerra civil se fez um acordo para conciliar os dois lados: Arrideu se tornaria rei com o nome de Filipe (III) e o filho de Roxane, se fosse varão, se chamaria Alexandre (IV) e seria seu colega de trono. Imediatamente foi decidido que Filipe Arrideu reinaria, mas não governaria, devido a sua incapacidade mental: isso era prerrogativa do novo regente, Pérdicas.
Pérdicas retratado no Sarcófago de Alexandre Magno
Havia ainda a questão da Rainha: Estatira, filha do rei persa Dario III Codomano, que também era a consorte real de Alexandre Magno. Roxane convenceu Pérdicas a matá-la bem como a Parisatis, filha do rei Artaxerxes III que também fora casada com Alexandre. Pérdicas cancelou as expedições programadas por Alexandre Magno antes de morrer e reelaborou suas disposições finais com a ajuda do secretário de Alexandre, Eumenes da Cárdia. As satrápias foram divididas entre os mais notáveis militares macedônicos e alguns aliados iranianos e indianos, porém o grande general Crátero não recebeu nenhuma província para governar a não ser o título honorífico de Guardião dos Reis que na prática não tinha poder político algum. Em agosto de 323, nasce Alexandre IV. Como fora acordado, Pérdicas também é seu regente e governa em seu nome. Todas as fontes clássicas chamam Alexandre de rei, mas as babilônicas se referem apenas a Filipe III Arrideu. De qualquer forma, Pérdicas é o real governante.
Roxane com Alexandre IV nos braços e Eumenes de Cárdia por Alessandro Vorotari (1588 -1649)

Os Primeiros Desafios do Rei-Menino
Mal acabara de nascer, Alexandre IV já tinha um problema a ser enfrentado: A Guerra Lamiaca (323-322). Quando a notícia da morte de Alexandre Magno na Babilônia chegou à Grécia, em julho de 323, os atenienses encabeçaram uma revolta contra a hegemonia da Macedônia que na ocasião era regida por Antípatro. Assim em outubro de 323, Atenas e a Liga Etólia venceram Antípatro em combate e obrigaram-no a refugiar-se na cidade de Lamia, onde foi assediado pelos gregos durante vários meses. Dessa cidade veio o nome do confronto. Possivelmente Arribas, rei do Épiro que fora deposto pelo avô de Alexandre IV também participou do levante. Depois de ser socorrido por tropas aliadas, Antípatro conseguiu sair de Lamia e regressar à Macedônia recebendo o reforço das tropas de Crátero que chegaram por mar. Por fim, após vencerem os atenienses em Amorgos em 323 a. C., Antípatro e Crátero derrotaram os gregos na Batalha de Crannon (5 de setembro de 322 a.C.) na Tessália. O resultado da guerra foi a momentânea eliminação de toda resistência grega ao domínio macedônio.
Demóstenes, orador ateniense, insuflando seus conterrâneos contra a hegemonia da Macedônia
Além desse desafio, o regente de Alexandre IV, Pérdicas, enfrentou a Revolta dos Veteranos (323 –322). Os veteranos macedônios que viviam nas cidades que Alexandre Magno fundara nas satrápias orientais (Báctria, Sogdiana, Gandara e Índia) se rebelaram no outono de 323, elegeram como líder o tessálio Fílon de Eniânia e decidiram partir de volta para a Grécia. Eles constituíam uma considerável força de guerra (20.000 homens e 3.000 cavalos). Pérdicas enviou o governador da Média, Peiton, para suprimir a revolta com a ordem de exterminar os revoltosos (possivlemente temia o uso desses homens por outros sátrapas). Na primavera de 322, Peiton derrotou-os, mas contrariamente às ordens de Pérdicas, aceitou a rendição de seus oponentes e ofereceu-lhes condições razoáveis. Entretanto, os soldados de Peiton desobedeceram seu chefe e levados pela expectativa de pilhagem, eles massacraram muitos veteranos cuja imagem abaixo serve bem para ilustrar a ferocidade dos conflitos entre o próprio exército macedônico.
Quando da morte de Alexandre Magno, o persa Ariarates conseguiu manter um poder autocrático sobre a Capadócia e ainda expandiu o reino subjugando a Cataônia e mantendo alguma independência da hegemonia macedônica. Pérdicas precisava manter o fluxo de comunicação normal entre a Macedônia e a Babilônia onde estava e para isso precisava conquistar a Capadócia na Ásia Menor e Ariarates constantemente atacava as possessões macedônicas. Assim, na primavera de 322, em nome dos reis Filipe III Arrideu e Alexandre IV, Pérdicas investiu contra a Capadócia, e mesmo sem o auxílio do sátrapa macedônio da Frígia, Antígono Monoftalmo, o Regente submeteu o país e Ariarates, então com 82 anos foi derrotado e crucificado. Pérdicas intimou Antígono a prestar contas da sua falta de apoio, mas esse, temendo uma intenção homicida, fugiu para a Macedônia junto a Antípatro, comandante do Império Macedônico na Europa. Pérdicas fez de Eumenes, que fora secretário de Alexandre, sátrapa da Capadócia e no lugar de Antígono na Frígia. Por meio de seu regente, o rei-bebê Alexandre IV superou os conflitos iniciais de seu reinado.
Quadro geral dos primeiros conflitos após a morte de Alexandre

Um Novo Regente
Pérdicas estava comprometido em casamento com Nicéia, a filha de Antípatro, mas esse compromisso foi quebrado quando o regente repudiou Niceia e casou-se com Cleópatra da Macedônia, irmã de Alexandre, o Grande. Entrando para a dinastia dos Argéadas, Pérdicas poderia reivindicar o trono em detrimento de Filipe III Arrideu (bastardo e mentalmente deficiente) e de Alexandre IV (que sendo filho de uma bactriana não era totalmente helênico). Antípatro se sentiu insultado e o temor que o crescimento do poder de Pérdicas causava entre os outros demais líderes macedônicos (Crátero, Antígono e Ptolomeu dentre outros) tornou inevitável uma guerra civil entre o diádocos (sucessores) de Alexandre Magno. A Primeira Guerra dos Diádocos (322 – 320 a.C.) eclodiu nas últimas semanas de 322. Durante a primavera seguinte, os rebeldes cimentaram sua aliança por meio de casamentos. Antípatro deu suas filhas Fila e Eurídice a Crátero e Ptolomeu, respectivamente e Niceia, que tinha sido prometida a Pérdicas, casou-se com Lisímaco, o governador da Trácia.
Mulheres Gregas e sua Idumentária
O conflito decisivo se deu no Egito (governado por Ptolomeu) onde após derrotas militares e o motim no exército, Pérdicas foi assassinado por seus mais altos oficiais em junho de 320 a.C. Os oficiais Peiton (um dos assassinos de Pérdicas) e Arrideu foram designados regentes por Ptolomeu (que recusara a regência). Após intrigas de Eurídice, mulher de Filipe III, os regentes renunciaram ao cargo e Antípatro foi nomeado como novo regente na chamada Partição de Triparadiso (320 a.C.) onde o Império Macedônico foi reorganizado. Ele levou consigo Roxane e bem como a Alexandre IV e Filipe III para a Macedônia . Quando Antípatro morreu em 319 a.C. deixou Poliperconte, um general macedônio que havia servido a Filipe II e Alexandre, como seu sucessor, preterindo seu próprio filho, Cassandro da Macedônia que, no entanto, reivindicou o direito de ser o próximo regente e se aliou a Ptolomeu, Antígono Monoftalmo e Eurídice, a ambiciosa esposa do rei Filipe Arrideu, e declarou guerra contra a Regência de Poliperconte que aliou-se a Eumenes de Cárdia (que fora aliado de Pérdicas) e a Olímpia, mãe de Alexandre, o Grande. Eclodiu assim a Segunda Guerra dos Diádocos (319-315 a.C.). Alexandre tinha agora de cerca de cinco anos de idade.
Representação egípcia de Alexandre IV

Único Rei
Embora Poliperconte tenha obtido sucesso no início, tomando controle das cidades gregas, no outono de 318, a marinha de Poliperconte foi derrotada pela frota de Antígono no Bósforo e o Regente perdeu o controle do Mar Egeu. Depois da batalha, Cassandro dominou completamente a Macedônia com o apoio de Atenas e na primavera de 317 ele foi oficialmente reconhecido como governante da Macedônia e regente de Filipe III Arrideu, mas não de Alexandre IV. Poliperconte foi forçado a fugir para o Épiro com Roxana e o pequeno Alexandre. Alguns meses mais tarde, Olímpia conseguiu persuadir seu parente, o rei Eácides do Épiro, a invadir a Macedônia juntamente com Poliperconte. Não era uma aliança muito poderosa, mas contava com a vantagem de Alexandre IV ser filho legítimo de Alexandre III, o Grande, enquanto que Filipe III Arrideu era filho ilegítimo de Filipe II. Dentro da aliança entre o Épiro e a Macedônia estava estipulado o casamento entre Deidamia, filha do rei epirota que ainda era uma criança, com Alexandre IV. Mas, a união não chegou a se consumar. Cassandro ausentara-se para a Grécia e deixara o governo nas mãos do rei Filipe III e de sua esposa Eurídice. As forças de Poliperconte invadiram a Macedônia e o exército de Eurídice se recusou a lutar contra Alexandre e desertou para os invasores. Poliperconte e Eácides conquistaram a Macedônia. Filipe e Eurídice foram capturados e executados (bem como muitos apoiadores de Cassandro) em 317 a.C. sob o comando de Olímpia, o que fez de Alexandre IV o único rei.
Guerreiros Macedônios
Cassandro retornou no ano seguinte, conquistando a Macedônia mais uma vez. Ele sitiou Olímpia em Pidna, um porto no sopé da montanha sagrada do Olimpo. Embora Poliperconte e Eácides tentassem ajudá-la, ela foi forçada a se render. Cassandro prometeu poupar sua vida, mas ela foi executada (início de 316). Roxane e Alexandre IV “aceitaram” Cassandro como o novo regente. Poliperconte retirou-se para a Grécia (Peloponeso) onde controlava algumas regiões e Eácides fora destronado por seu próprio povo. Qualquer que fosse a designação anterior de Alexandre, ele agora foi certamente chamado de rei. Alexandre e sua mãe ficaram sob a custódia de Cassandro na cidadela de Anfípolis, sob a supervisão de Gláucias. Esse que foi o fim da Segunda Guerra do Diádocos no Ocidente. No Oriente ela continuou até 315 quando Antígono derrotou Eumenes e reorganizou as satrápias orientais do Império Macedônio sob seu governo semi-independente. Os demais diádocos ficaram receosos do poder de Antígono e como resultado estourou a Terceira Guerra dos Diádocos (314-311), na qual Antígono teve que lutar contra Ptolomeu, Lisímaco e Cassandro seu ex-aliado.
Cassandro, rei da Macedónia
Cassandro

O Último Argéada
Inicialmente, Antígono foi bem sucedido (ele aliou-se ao seu antigo inimigo Poliperconte e conquistou o Peloponeso), mas perdeu o Oriente para Seleuco, um aliado de Ptolomeu. Este foi um revés muito sério, e em 311, Antígono e seus rivais concluíram um tratado de paz que assegurava os direitos de Alexandre IV, que então tinha cerca de doze anos, e afirmava explicitamente que Cassandro deixaria a regência quando o menino chegasse à maioridade em 305 a.C. Porém, logo depois do tratado, os defensores da dinastia dos Argéadas declararam que Alexandre IV deveria assumir o poder e que um regente não era mais necessário. A resposta de Cassandro foi rápida e determinada: para assegurar seu domínio, ele ordenou a Gláucias, em 309 a.C., que assassinasse o jovem Alexandre juntamente com sua mãe. Ambos foram envenenados. Assim terminou a dinastia Argéada que fundara e engrandecera o reino da Macedônia. Reza a tradição que o rei Pérdicas I (700 - 678 a.C.) instruiu Argeu, seu filho, a enterrá-lo depois de sua morte em Egas, a antiga capital macedônia. Segundo a lenda, enquanto os reis fossem enterrados neste lugar a monarquia continuaria na família (os Argéadas). Desde Alexandre Magno foi enterrado em outro lugar, o poder real foi transferido para outra dinastia (os Antipátridas). Acredita-se que um dos túmulos reais descoberto pelo arqueólogo Manolis Andronikos em Vergina, Macedônia, em 1977 / 8 pertença a Alexandre IV.

REFERÊNCIAS
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexandre_IV_da_Macedónia
http://en.wikipedia.org/wiki/Alexander_IV_of_Macedon
http://www.livius.org/aj-al/alexander01/alexander_iv.html
http://www.livius.org/di-dn/diadochi/chrono.html
http://mirageswar.com/2008/05/02/print:page,1,osprey__warrior_103__macedonian_warrior_alexanders_elite_infantryman.html
http://www.macedonia.se/images/macedonia/history/cassander-ivory-head.jpg

3 comentários:

  1. Meu nome ée Roxane por causa dessa historia Legal née :D

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  2. e o meu é Alexandre, por causa de Alexandre, o Grande (Alexandre Magno ou Alexandre III, como queiram.. filho de Olimpia e de Filipe II), também muito legal, née :D

    beijo Roxane, que não é a Roxane de Báctria, mas é uma Roxane..
    e um Grande abraço ao Joalsemar Araújo, aqui presente como um Grande "historiador", pesquisando, compilando e organizando, elucidando, um material riquíssimo e tão importante para a humanidade, como este, o Grande Legado de Alexandre, o Grande.

    Alexandre de Souza, filho de Marcia e de Bernon

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