terça-feira, 12 de outubro de 2010

DEMÉTRIO I POLIORCETES (294 – 288 a.C.) - PARTE I

Demétrio I (em grego: Δημήτριος, 337-283 a.C.), chamado de Poliorcetes (em grego: Πολιορκητής, Poliorketes, que significa "o assediador de cidades") era filho do general macedônio e rei helenístico Antígono I Monoftalmo com Estratonice tendo como irmão a Filipe. Demétrio I foi o primeiro rei da dinastia Antigônida a governar a Macedônia (294-288 a.C.). Demétrio nascera em 337 a.C., pouco antes da ascensão de Alexandre Magno ao trono da Macedônia (336). Seu pai, que servira ao rei Filipe II, pai de Alexandre, acompanhou o jovem conquistador em sua campanha na Ásia e Demétrio cresceu em meio ao clima de guerra constante principalmente depois da morte do rei na Babilônia (323) quando o império de Alexandre foi reorganizado sob os reis Filipe III Arrideu e Alexandre IV com a regência de Pérdicas, comandante da cavalaria; seu pai foi confirmado como governador da Frígia e adjacências.
Busto de Demétrio I Polorcetes
Os Diádocos em Guerra
Quando da Primeira Guerra dos Diádocos (322-320), Antígono se alinhou a Antípatro, governador da Macedônia e Grécia, contra Pérdicas que morreu no confronto. Antípatro, agora como novo regente do Império, confirmou Antígono no cargo e deu-lhe a missão de combater Eumenes de Cárdia, aliado de Pérdicas. Para reforçar a aliança com Antígono, Antípatro deu sua filha Fila em casamento a Demétrio. Em cerca de 320 a.C. Demétrio casou-se com Fila. Era o quarto casamento de Fila; ela fora casada com o príncipe macedônio Alexandre Linceste (executado por traição a Alexandre Magno), com Balacro, sátrapa da Cicília (que morreu em 324), e com Crátero, o general e guardião dos reis, que morrera em 321 em combate a Eumemes de Cárdia. Fila tivera com Crátero um filho do mesmo nome e com Demétrio foi mãe de Estratonice e Antígono Gônatas.
Pérdicas
Após a morte de Antípatro (319), estoura a Segunda Guerra dos Diádocos (318-315) na qual Cassandro, filho de Antípatro, alia-se a Ptolomeu do Egito e Antígono contra Poliperconte, o novo regente, e Eumenes. Nesse conflito o pai de Demétrio ascende como o mais poderoso dos diádocos (sucessores de Alexandre Magno) tendo um controle efetivo da porção oriental do Império. Com o rei Filipe III morto e o rei Alexandre IV, que ainda era uma criança, sob a custódia (prisão) de Cassandro, os governadores mais poderosos não tinham empecilhos nem escrúpulos para buscarem a independência dos territórios que governavam e Antígono governava a porção maior e mais rica. Temendo o poder de Antígono (que almejava restaurar a unidade do Império sob sua autoridade) Cassandro, Ptolomeu e Lisímaco da Trácia tentam diminuir seu poder, mas Antígono responde com a Terceira Guerra dos Diádocos (314-311) com a invasão da Fenícia, que estava sob controle de Ptolomeu, e proclamando a liberdade total das cidades-estado da Grécia (que viviam sob a intervenção da Macedônia). Nesse conflito Demétrio emerge como guerreiro e principal apoio de seu pai às suas ambições.

Quadro geral da terceira guerra do Diádocos
A Batalha de Gaza
Aos 22 anos Demétrio foi deixado por seu pai para defender a Síria contra Ptolomeu, mas foi totalmente derrotado na Batalha de Gaza (312 a.C.). Demétrio se retirou para Trípoli na Fenícia e combate em vão os nabateus que seu pai já tentara submeter. Ptolomeu que avançara contra a Síria recua ante o avanço de Antígono. Seleuco, ex-governador da Babilônia, que liderava uma facção do exército egípcio em vez de voltar ao Egito vai para a Babilônia onde é reconhecido como autoridade em detrimento da autoridade de Antígono (maio de 311). Em dezembro de 311, Cassandro, Lisímaco, Ptolomeu assinam um tratado de paz com Antígono. Assegurada suas fronteiras no Ocidente, Antígono se volta para o problema de Seleuco.
Batalha de Gaza

A Guerra Babilônica (311-309 a.C.)
No outono de 311, Antígono delega a Demétrio a missão de expulsar Seleuco da Babilônia. Demétrio parte de Damasco, Síria, e ao aproximar-se das fronteiras da Mesopotâmia o governador de Seleuco, Pátrocles, evacua a cidade mantendo, porém, o exército e envia mensagem a Seleuco, que se encontra na Média, para enviar ajuda o mais rápido possível. Quando Demétrio chegou na Babilônia encontrou a cidade abandonada e começou a assediar as cidadelas. Ele capturou uma delas e entregou-a para seus soldados à pilhagem. A outra cercou por alguns dias e então, vendo que sua captura requeria maior tempo, deixou Arquelau, um de seus amigos, como em general do cerco, dando-lhe 5.000 homens de infantaria e 1.000 de cavalaria, enquanto ele retornou com o resto do exército, pois findara-se o tempo que seu pai assinalara para seu retorno.
Babilônia
Enquanto isso, Seleuco organizou uma guerrilha contra Arquelau. Em agosto de 310, Antígono chegou na Babilônia e apesar de ter ocorrido embates nas ruas, ele foi incapaz de capturar todos os edifícios que queria tomar, deixando a cidade em março de 309, embora a luta no campo durasse até depois de 10 de abril do mesmo ano, no dia de Ano Novo. Por fim, Antígono foi derrotado e obrigado a voltar para a Síria (30 ou 31 de agosto de 309). As duas partes devem ter concluído um tratado de paz, porque Seleuco começou a conquistar as satrápias orientais, e Antígono esteve ativo no Ocidente. Na Guerra Babilônica, Antígono e Demétrio perderam quase dois terços do seu império: todas as satrápias orientais convergiram para a autoridade de Seleuco.

A Libertação de Atenas
Entre 309 e 307 o cenário de uma quarta guerra entre os diádocos começou a se formar: Ptolomeu conquistou Chipre (primavera de 309) e no Mar Egeu reorganizou a Liga Nesiótica, que fora criada por Antígono, em seu favor. No mesmo ano, Lisímaco, governador da Trácia e de porções da Ásia Menor, fundou a cidade de Lisimáquia e Cassandro, mandou matar o rei Alexandre IV e a sua mãe. Antígono retornou à Síria e enviou Hércules, um suposto filho bastardo de Alexandre, o Grande, e sua mãe Barsine para Poliperconte, rival de Cassandro, no Peloponeso. No entanto, Poliperconte uniu-se a Cassandro e o jovem e sua mãe foram mortos. Antígono fundou na Síria a cidade de Antigônia (Antigoneia). Atenas era a capital moral e espiritual do mundo grego e conseguir seu apoio era vital para as partes em guerra. Porém, Atenas quedava-se sob a tutela militar da Macedônia. Ptolomeu prometeu libertar Atenas em troca de apoio financeiro e não foi bem sucedido.
O porto Pireu e Atenas
Em junho de 307, Antígono enviou Demétrio com uma frota de 250 navios e 500 talentos para Atenas. A cidade era governada pelo preposto de Cassandro, Demétrio de Falero, e tinha uma guarnição macedônica instalada na colina Muniquia no porto Pireu de Atenas. Aproveitando o fato de sua frota ter sido confundida com a de Ptolomeu, Demétrio entrou no porto. Demétrio enviou um arauto para proclamar que seu pai o tinha enviado para libertar os atenienses, expulsar a guarnição macedônica e restituir-lhes as suas leis e constituição ancestral. Ao ouvir este anúncio, a maioria da população local baixou os escudos e aplaudiu e clamou para Demétrio desembarcar, chamando-o de seu benfeitor e salvador. Demétrio de Falero vendo a força de Demétrio, mesmo não tendo certeza de que ele iria cumprir suas promessas, enviou uma delegação para negociar com o novo senhor de Atenas. Demétrio, ciente dos méritos e reputação de Demétrio de Falero (embora não fosse estimado pelos atenienses, fora discípulo do filósofo Aristóteles), garantiu sua retirada para Tebas como solicitado. Para deixar claro que viera libertar os atenienses da guarnição macedônica, Demétrio não entrou na cidade. Deixou a fortaleza de Muniquia cercada por seus homens rumando para a cidade de Megara onde havia outra guarnição de Cassandro.
Atenas
Voltando a Muniquia, expulsou a guarnição macedônica e destruiu o forte. Os atenienses solicitaram sua presença e na cidade convocou o povo e restaurou-lhe a sua constituição ancestral. Ele acrescentou a promessa de que seu pai iria enviá-los 15.000 medidas de grãos e madeira suficiente para construir 100 navios de guerra. E assim os atenienses recuperam sua democracia. Demétrio foi visto com tal grandeza pelos atenienses que chamaram a ele e seu pai de basileus (rei), título que era pertinente somente aos descendentes de Filipe II e Alexandre Magno. Mas isso não era mais um impedimento já que a linhagem real macedônica já fora suprimida. Ele e seu pai foram tratados como deuses e salvadores de Atenas e um sacerdote foi designado para manter o culto regular dos novos “deuses”. Foram criados novos bairros em Atenas em homenagem aos Antigônidas: Demétrias e Antigonis. A Quarta Guerra dos Diádocos (307-301 a.C.) se iniara.


A Conquista de Chipre
A meta dos Antigônidas era reunir o império de Alexandre sobre sua dinastia e para isso deveriam derrubar os demais diádocos. Na primavera de 306, Demétrio, acompanhado de 30 quadrirremes atenienses rumou para conquistar Chipre, um dos territórios mais importantes de Ptolomeu. No caminho, Demétrio solicitou ajuda de Rodes. A cidade, que se mantivera neutra durante as anteriores guerras dos diádocos  e lucrara muito com isso, se recusou. Mesmo assim Demétrio seguiu seu caminho e desembarcou sem oposição em Chipre. Tomou as cidades de Karpasia e Ourania do irmão de Ptolomeu, Menelau, que ao combater o invasor foi derrotado e retirou-se para a cidade de Salamina, onde Demétrio manteve seu adversário isolado.
Cyprus in 306 BC
A conquista de Chipre por Demétrio
Menelau decidiu combatê-lo, mas novamente foi derrotado e retirou-se para Salamina. Demétrio então começou o cerco de Salamina, o primeiro de seus grandes cercos a cidades. Ele construiu uma torre de assédio, mas foi incapaz de tomar a cidade. Menelau pedira reforços ao seu irmão e depois de algum tempo, Ptolomeu chegou desembarcando em Pafos e Demétrio ficou em desvantagem. No entanto, em uma batalha naval ao largo Salamina, ele esmagou a frota de Ptolomeu, o qual voltou ao Egito deixando seu irmão a mercê de Demétrio. Vendo que não podia enfrentá-lo, Menelau se rendeu. A conseqüência da imediata da batalha foi que os Antigônidas foram reconhecidos por todos como os governantes mais poderosos do mundo grego. Após a vitória Antígono assumiu o título de rei e concedeu o mesmo a seu filho. 
Moeda comemorativa da conquista de Chipre por Demétrio
O Cerco de Rodes
A ilha de Rodes era uma república mercantil com uma grande marinha que controlava a entrada do Mar Egeu. Rodes havia mantido neutralidade com os reinos helenísticos a sua volta a fim de proteger seu comércio, mas tinha uma relação estreita com Ptolomeu I do Egito e Demétrio estava preocupado com a possibilidade de que Rodes aliar-se a ele juntando os seus navios a frota de Ptolomeu. Demétrio também valorizava a capacidade de usar Rodes como uma base estratégica. Além de uma frota de 200 navios e 150 embarcações auxiliares, Demétrio também acrescentou à sua frota de embarcações de assalto a ajuda de muitos piratas que se juntaram à empresa. Mais de 1.000 navios mercantes seguiam a frota em antecipação ao saque que se seguiria o sucesso da empresa militar. O motivo aparente do ataque de Demétrio a Rodes foi puni-la por não o ter auxiliado no ataque a Chipre. Porém, ao mundo greco-macedônio pareceu mais uma ataque pirata visando apenas os lucros do saque o que gerou simpatia pela situação dos rodianos.
Ilha de Rodes
A cidade e principal porto da cidade de Rodes estavam fortificados e Demétrio foi incapaz de impedir que os navios de abastecimento atravessassem o bloqueio. Portanto, a captura do porto tornou-se uma prioridade. Apesar de construir seu próprio porto e daí lançar ataques contra o inimigo, Demétrio foi incapaz de bloquear a saída para o mar dos rodianos. Ao mesmo tempo, Demétrio arrasou a ilha utilizando como base um acampamento construído perto da cidade, mas longe o suficiente para não ser atingido por projéteis de Rodes.
Tower of Demetrius Poliorcetes During The Siege of Rhodes in 305 Bc
A Helépolis
 Pouco depois do início do cerco foi aberta uma brecha nas muralhas da cidade e conseguiu entrar um grupo de soldados macedônios. No entanto, as tropas foram rechaçadas e Demétrio não continuou com o ataque, o que permitiu aos rodianos repararem a brecha em suas defesas. Os dois lados usaram muitos avanços técnicos durante nos vários engenhos de cerco. Demétrio mandou sua famosa torre de cerco com rodas conhecida como helepolis (“a tomadora de cidades”), elaborada por Epímaco de Atenas, pretendendo tomar a cidade de Rodes. O engenho tinha 38 m de altura e 18 m de largura. Entre suas criações há também um aríete de 55 m de comprimento, o kórax, necessitando de 1000 homens para operá-lo.
O Kórax
No entanto, apesar de todas as tentativas de Demétrio, os cidadãos de Rodes foram bem-sucedidos na defesa da cidade e após um ano de cerco Demétrio retirou-se depois de assinar um tratado de paz (304 a.C.) que foi apresentado por ele como uma vitória porque Rodes havia concordado em permanecer neutra na guerra entre os Antigônidas e Ptolomeu, mas apoiando-os contra outro inimigo. Demétrio, tendo em vista seu empenho em tomar cidades, foi apelidado de poliorcetes, o assediador de cidades. É possível que a impopularidade do cerco foi um dos fatores que o fizeram ser infrutífero. Alguns anos depois, os rodianos recolheram a helepolis, que tinha sido abandonada, e fundiram as suas placas de metal. Isto, juntamente com o produto da venda das sobras das armas de cerco e equipamentos deixados por Demétrio, foi usado para construir uma estátua em honra do deus sol, Hélios. Esta estátua se tornou conhecido como o Colosso de Rodes, e serviu para comemorar a sua resistência heróica.
O colosso de Rodes
Novamente na Grécia
No outono de 304, Demétrio foi para a Grécia, onde Atenas estava cercada por Cassandro. O governante macedônio foi expulso e Demétrio continuou a libertar as cidades gregas incluindo Corinto e quase todo o Peloponeso. Em seguida (303), ele convocou uma reunião e organizou uma liga de cidades gregas, como a que havia sido fundada pelo pai de Alexandre, Filipe II, em 338 a.C.: a Liga de Corinto. As cidades deveriam ser livres e autônomas, Demétrio, o seu general com direito recrutar soldados. No dado momento, Demétrio e as cidades-estado gregas tinham um inimigo comum: o rei Cassandro da Macedônia. Mas a sua libertinagem e extravagância fizeram com que os atenienses sentissem saudades do governo de Cassandro.Entre seus ultrajes havia seu assédio a um rapaz chamado Democles, o Belo. O jovem continuou a recusar a sua atenção, mas um dia se viu encurralado nos banhos. Vendo que não havia nenhuma maneira de fugir e que era incapaz de resistir fisicamente a seu pretendente, ele tirou a tampa do caldeirão de água quente e pulou para dentro. Sua morte foi vista como um sinal de honra para si e para seu país.
Moeda com a efígie de Demétrio Poliorcetes
retratado com chifres de touro, símbolos do deus Poseidon
Em outra ocasião, ele abonou a multa de 50 talentos imposta a um cidadão em troca de favores de Cleêneto, filho do homem. Ele também envolveu-se com Lâmia, uma cortesã grega. Ele exigiu 250 talentos dos atenienses e depois os deu a Lâmia e outras cortesãs para comprar sabão e cosméticos. Demétrio também foi iniciado nos mistérios de Elêusis antes do tempo, pervertendo assim os costumes do país. Não obstante, Demétrio se fortalecia e Gláukias, rei dos ilírios, se aliou a ele, pois ambos eram inimigos de Cassandro. A aliança tinha sido cimentada por um casamento: Gláukias tinha sob sua tutela o jovem rei do Épiro, Pirro I, e sua irmã Deidamia, que foi dada a Demétrio como esposa. Eles tiveram um filho chamado Alexandre que viveu no Egito onde morreu. Deidamia fora outrora prometida ao rei da Macedônia Alexandre IV, mas ele foi aprisionado e morto por Cassandro antes de casarem-se. Agora, o Épiro mais uma vez se alinhava contra a Macedônia. 

Embate na Tessália
Em 302, Cassandro buscou a paz com os Antigônidas visto que não poderia resistir-lhes sozinho nem recuperar seu domínio sobre a Grécia. Mas Demétrio e Antígono estavam convencidos de que poderiam derrotar cabalmente a Cassandro. Portanto, eles exigiram a rendição incondicional, o que Cassandro não estava disposto a contemplar. Ele rompeu as negociações e a guerra foi retomada. Demétrio invadiu a Tessália tomando a cidade de Larissa, a qual restaurou a autonomia. Após tomou Antrones e Pteleu, mas não Dium e Orcomeno, pois Cassandro transportara a população dessas cidades para a cidade de Tebas na Ftiótida. Ante o avanço de Demétrio, Cassandro fortificou Feras e Tebas e depois de reunir todo o seu exército num único lugar acampou defronte a Demétrio. Os dois reis travaram uma guerra de nervos: os dois exércitos construíram grandes acampamentos e ficaram um de olho no outro, mas eles não travaram batalha. Entretanto, Cassandro havia convocado seus aliados Ptolomeu do Egito, Lisímaco da Trácia e Seleuco da Babilônia para vir em seu auxílio. E os três se prepararam para enfrentar Antígono, pai de Demétrio, na Ásia. Essa coalizão contra seu pai tornou impossível para Demétrio atacar na Tessália. Cassandro também não atacou, pois aguardava o resultado do conflito de Lisímaco com Antígono na Ásia. Por fim, os cidadãos de Feras chamaram Demétrio que entrou na cidade dispersando a guarnição de Cassandro. Demétrio, convocado por seu pai, concluiu um armistício com Cassandro  e retornou para o Oriente (inverno de 301), o novo teatro de guerra. Seu acampamento na Tessália se tornou o novo local da cidade de Halos. Antes de partir, Demétrio deixara sua esposa epirota Deidamia em Atenas.
Ruínas do acampamento de Demétrio em Halo
A Batalha de Ipso
Os exércitos rivais (os Antigônidas contra Ptolomeu, Lisímaco e Cassandro) reuniram-se no Ipso, na Frígia (301 a.C.). Era a batalha decisiva entre os sucessores do império de Alexandre Magno. Se os Antigônidas vencessem seriam os senhores absolutos do mundo helenísitico. Porém Seleuco, o rei macedônio da Babilônia que já derrotara os Antigônidas apareceu com um poderoso exército. Demétrio, que liderava a cavalaria, investiu contra Antíoco, filho de Seleuco, e deixou a infantaria comandada por seu pai desportegida. O velho rei e general foi morto por uma saraivada de flechas. Percebendo aque tudo estava perdido, Demétrio reuniu uma pequena tropa e conseguiu escapar. Sua mãe, Estratonice, que estava na Cilícia, juntou-se a ele e ambos rumaram para Éfeso e daí para Salamina em Chipre. 
Demetrius Poliorcetes. Louvre, Paris (France). Photo Jona Lendering.
Demétrio Poliorcetes retratado
com feições do deus Hermes
Os vencedores da Batalha de Ipso imediatamente dividiram os territórios asiáticos de Antígono: Lisímaco tomou grande parte do que hoje é a Turquia, embora as partes do sul (Lícia e a Cilícia) fossem dadas a um irmão de Cassandro, Pleistarco. Seleuco recebeu a Síria, Fenícia e Palestina, mas descobriu que grande parte de seus territórios na Síria foram ocupados por Ptolomeu. O Império Antigônida fora derrotado e desfeito, mas as guerras entre os diádocos e seus sucessores estavam longe de terminar. Apesar de ter perdido o domínio da Ásia, Demétrio ainda tinha o controle de boa parte do Mar Egeu e do Peloponeso. Porém, o revés na sorte de Demétrio despertou-lhe inimigos e sua popularidade diminiu ao ponto de ter sua presença recusada na cidade de Atenas, que voltara a fazer aliança com Cassandro. Deidamia, esposa de Demétrio, foi enviada pelos atenienses para a cidade de Megara, embora ainda a tratassem com honras reais.

O Soerguimento de Demétrio 
O poder de Demétrio muito diminuiu, pois ele tinha muitos homens recrutados pelos Estados-membros da Liga de Corinto. Por outro lado, ele ainda comandava uma grande marinha e era o comandante da Liga Nesiótica e Chipre. Ele era uma espécie de rei dos piratas. Cassandro e Lisímaco tinham razão para temer a presença do antigônida na região e a Fenícia que Ptolomeu dominava estava perigosamente exposta aos seus ataques. Os três reis concluíram um tratado, que foi confirmado por casamento (300 a.C.): a filha de Ptolomeu, Arsínoe II, casou-se com Lisímaco, e sua outra filha, Lisandra, foi dada a Agátocles, filho de Lisímaco. Por essa época, a esposa epirota de Demétrio,  Deidamia, adoeceu e morreu. Seleuco, o novo rei da Ásia, já estava a construir novas cidades (como a Selêucia e Antioquia) e intimidava a tomar as possessões asiáticas de Ptolomeu. Seleuco não tinha nada a temer de Demétrio, mas compreendeu que Ptolomeu estava preparando uma guerra. Por isso buscou uma aliança com o Antigônida que também carecia de aliados. 
Demétrio I Poliorcetes
A coalizão foi selada em 299 a.C. pelo casamento de Seleuco com Estratonice, filha de Demétrio e Fila, que intermediara as negociações com Seleuco. Assim fortalecido, Demétrio expulsou o irmão de Cassandro da Lícia e da Cilícia (298). Ao mesmo tempo, Seleuco invadiu Samaria na Palestina de Ptolomeu. Cassandro estava à beira da morte e não podia intervir. Fila, esposa de Demétrio, era irmã de Cassandro e participou de negociações entre os dois reis. Ptolomeu ficou tão pressionado por Demétrio e Seleuco, que aceitou um tratado. Os gregos haviam rompido da sua aliança com Demétrio e Atenas havia concluído um tratado de paz com Cassandro. Porém, após a morte do rei da Macedônia, Atenas chegou a ser oprimida pela tirania de Lacares, um líder popular que se tornou o chefe supremo de Atenas em 296. Esses fatos ofereceram a Demétrio um pretexto para intervir na Grécia, e em 296 começou a cercar Atenas, que se rendeu em 295, depois de um bloqueio prolongado. O Antigônida perdoou os habitantes de sua afronta em 301, mas não devolveu a "liberdade e autonomia" para a cidade e assentou nela três guarnições. Ele continuou até o Peloponeso, onde se restabeleceu o seu poder em 294.
REFERÊNCIAS
http://en.wikipedia.org/wiki/Demétrio_I_of_Macedon
http://www.livius.org/di-dn/diadochi/diadochi_t21.html
http://www.livius.org/di-dn/diadochi/diadochi_t04.html
http://www.historyofwar.org/articles/wars_cyprus306.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Siege_of_Rhodes
www.mlahanas.de/Greece/Cities/Rhodes.html
http://www.mlahanas.de/Greeks/war/Helepolis.htm
http://www.myartprints.com/kunst/anonymous/king_demetrius_poliorcetes_c3_hi.jpg

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