quarta-feira, 22 de setembro de 2010

CASSANDRO (Regente em 317 - 305 a.C.)

Cassandro (em grego Κάσσανδρος) viveu entre ca. 350-297 a.C., e foi regente (317-305 a.C.) e rei (305-297 a.C.) da Macedônia. Foi o primeiro rei da dinastia Antipátrida. Embora tivesse apreciação por literatura, tinha o caráter ambicioso, violento e sem escrúpulos a tal ponto que até seus familiares se afastavam dele.
O ator Morgan Christopher interpretando o jovem Cassandro
em Alexandre de Oliver Stone (2004)
Cassandro era o filho mais velho do general macedônio Antípatro. O nome de sua mãe é desconhecido; seus irmãos eram Iolaus e Pleistarco e suas irmãs Niceia, Eurídice e Fila. Como membro da elite macedônica, Cassandro também foi educado por Aristóteles junto com Alexandre e Heféstion. Quando Filipe II morreu em 336 a.C., Antípatro assegurou o apoio do exército a Alexandre como sucessor do rei. Em 334 Alexandre III partiu em sua expedição para a Ásia e nomeou Antípatro como regente da Macedônia. Cassandro não participou das guerras de Alexandre contra o Império Persa permanecendo na corte de Pela junto a seu pai e certamente presenciado o clima de intrigas que a mãe (Olímpia) e a irmã (Cleópatra) do rei traziam sobre seu pai. 
Alexandre (Colin Farrell) e dois de seus companheiros
 Cassandro (Jonathan Rhys Meyers) e Heféstion (Jaded Leto) em 
Alexandre.
Em 323 após sua expedição à Índia, Alexandre volta para a Babilônia. Após receber constantes acusações contra Antípatro, o rei o demove do cargo, nomeia ao general Crátero o novo regente e o convoca a Babilônia para explicar-se. Alegando que a instabilidade política na Grécia o impedia de ir apresentar-se diante do rei, Antíapatro envia Cassandro em seu lugar. Seu irmão, Iolaus, já se encontrava na corte babilônica e servia ao rei como copeiro-mor. Ao ver os orientais se prosternando diante de Alexandre segundo o costume da corte persa, Cassandro irrompeu em gargalhadas visto que tal costume não era visto com bons olhos pela cultura grega. Por certo o jovem macedônio achou muito engraçado ver homens adultos na horizontal, com a cara no chão e as nádegas para cima. Longe das campanhas e da personalidade autocrática e orientalizada de Alexandre, que fora seu amigo de infância e que agora era rei da Macedônia e senhor do Império Persa, Cassandro deve ter se sentido muito a vontade para expressar seus sentimentos. Indignado pela irreverência de Cassandro, Alexandre pegou-o pelos cabelos e bateu-lhe com a cabeça na parede.
Alexandre (Farrell) irado com a irreverência de Cassandro (Meyers) em Alexandre
Cassandro defendeu em vão seu pai  das acusações que eram feitas contra ele a Alexandre que se posicionou ao lado dos homens que vieram da Macedônia e diziam que sofreram injustiça por parte de Antípatro. O rei ainda prometeu a Cassandro que se fosse provada sua injustiça ele não escaparia do castigo por vir. No entanto, pouco tempo depois, Alexandre adoeceu e morreu (11/06/323 a.C.). Houve rumores de que Cassandro e seu irmão Iolaus envenenaram o rei, mas nada ficou comprovado e isso pode ter sido sugerido na literatura clássica por uma reminiscência de hostilidade à dinastia Antipátrida.
Iollas, página de Alexandre, o Grande
Iolaus
Mas deve se notar que dos sucessores de Alexandre, Cassandro foi o único a demonstrar hostilidade à memória do grande conquistador. Posteriormente executou os membros da família real de Alexandre, restaurou a cidade de Tebas que Alexandre destruíra, o que foi visto como uma afronta post-mortem a Alexandre Magno. O historiador Plutarco narra que certa vez Cassandro passou por uma estátua de Alexandre em Delos e teve sensações de desmaio.
Cassandro (Jonathan Rhys Meyers)  em Alexandre.
Com a morte de Alexandre Magno, seu império foi reorganizado na chamada Partição de Babilônia: Foram proclamados como seus sucessores seu irmão Filipe III e seu filho nascituro Alexandre IV que teriam um reinado compartilhado. Pérdicas, chefe da cavalaria, foi proclamado regente do império que manteve a organização tradicional do Império Persa em satrápias a quais foram confiadas ao oficialato macedônico e a alguns aliados iranianos e indianos. Antípatro, que fora deposto por Alexandre, foi mantido por Pérdicas como comandante da Macedônia e Grécia e Crátero, que deveria substituir Antípatro, foi nomeado guardião dos reis um título vazio de poder político. Assim a família de Cassandro permaneceu no comando político da Macedônia e da Grécia em detrimento da vontade última de Alexandre Magno.
File:Diadochi satraps babylon.png
Partição de Babilônia: a Reorganização do império de Alexandre, o Grande
Entre 323 e 322 a.C., enquanto Pérdicas luta na Ásia para submeter a Capadócia e conter a revolta dos soldados macedônios veteranos, Antípatro enfrenta a Guerra Lamiaca: as cidade-Estado da Grécia instigadas por Atenas se rebelaram contra a hegemonia macedônica e sitiam Antípatro na cidade de Lamia. Porém com a ajuda dos generais macedônicos Leonato e Crátero, a rebelião grega é sufocada e Antípatro mantém o domínio macedônico sobre os gregos. Pérdicas foi vitorioso em suas pelejas na Ásia. Antípatro, visando reforçar sua posição, oferece sua filha Niceia em casamento ao regente Pérdicas. Assim o império de Alexandre tinha sua integridade aparentemente assegurada. Porém, Cleópatra da Macedônia ofereceu sua mão para Pérdicas. A união entre a irmã de Alexandre, o Grande, e um general da envergadura de Pérdicas serviria à unidade e à estabilidade do Império, porque os ineptos reis Felipe III Arrideu (ilegítimo e mentalmente incapaz) e Alexandre IV (um bebê mestiço) seriam substituídos por um homem mais forte. Pérdicas divorcia-se de Nicéia e casa-se com Cleópatra. Assim Pérdicas era membro da dinastia Argéada e tinha condições de reivindicar o trono. Antípatro sentiu-se muito insultado e encabeçou uma aliança entre os demais diádocos (nome que designa os generais sucessores de Alexandre Magno) contra Pérdicas. Os generais de Alexandre Magno estavam sempre vigilantes do poder um do outro e sempre temiam que um deles alcançasse o poder supremo: essa foi uma das razões da unidade das conquistas de Alexandre Magno não ter perdurado muito.
Gregos em guerra
 Assim, a guerra foi inevitável por causa do crescimento do poder de Pérdicas e o receio que isso causou entre os outros líderes do Império, pois Pérdicas casando-se com Cleópatra, que era da família real, tinha agora a possibilidade de impor-se como rei sobre seus antigos companheiros de armas. Assim eclodiu a Primeira Guerra dos Diádocos (322-319 a.C.). Os aliados reforçaram sua coalizão por meio de casamentos. Antípatro deu em matrimônio as irmãs de Cassandro: Fila a Crátero, guardião do reino, Eurídice, a Ptolomeu, governador do Egito e Niceia, que fora casada com Pérdicas, casou-se com Lisímaco, o governador da Trácia. Pérdicas enfrentou primeiramente a Ptolomeu e invadiu o Egito, mas sua campanha foi um desastre sendo por fim assassinado por seus próprios oficiais no verão de 320 a.C. A Ptolomeu foi oferecida a regência, ante sua recusa, os oficiais Peiton e Arrideu foram designados os novos regentes de Filipe III Arrideu e Alexandre IV. No entanto, tal arranjo ainda era muito tênue para assegurar a estabilidade do Império Macedônico.
Alexandre, o Grande, rei da Macedônia
Alexandre, o Grande
Os Diádocos se encontraram na cidade síria de Triparadiso (outono de 320 a.C.) onde novamente o Império foi reorganizado: Apesar da oposição de Eurídice, esposa de Filipe Arrideu, e das tropas que foram de Pérdicas, Antípatro foi proclamado o novo regente e guardião dos reis mantendo a maior parte dos oficiais macedônios em suas posições de governadores e bem como nomeando outros novos; os antigos aliados de Pérdicas seriam combatidos. O império de Alexandre de um modo geral foi preservado inteiro e as ambições pessoais dos diádocos foram amansadas com as concessões feitas pelo novo regente. Isso posto, Antípatro partiu para a Macedônia tendo os reis sob sua custódia. Porém sua regência foi breve: no verão de 319 o velho general adoeceu e antes de morrer nomeou como regente a Poliperconte, um dos mais antigos militares militares da campanha de Alexandre e muito respeitado pelo exército. Cassandro foi nomeado quiliarca, uma espécie de primeiro-ministro, o segundo em autoridade.
Antípatro e Cassandro em Alexandre
 Poliperconte
Poliperconte era filho de um nobre macedônio chamado Símias do distrito de Tinfaia, no vale do rio Haliacmon Superior, que fora conquistada do Épiro e era a parte mais atrasada da Macedônia. Quando Alexandre se tornou rei e invadiu o Império Aquemênida (334), Poliperconte era um oficial da brigada tinfeana sendo promovido durante a batalha de Gaugamela (1 de outubro 331) comandando quer a brigada tinfeana ou as tropas estrangeiras. Ele é geralmente descrito como um homem conservador, seguindo à risca as velhas tradições macedônicas e em oposição ao orientalismo de Alexandre, como por exemplo, a introdução do ritual da corte persa, que incluía a prosternação (proskynesis). Ele era amigo de outros homens valentes de sua geração, como Parmênion, Antípatro e especialmente Crátero. Seu primeiro comando independente foi em Gandara, onde seus homens capturaram a cidade de Ora no vale de Swat (primavera 326 a.C.). Durante a campanha no Vale do Indo, Poliperconte, que pertencia ao exército de Crátero, voltou mais cedo do que o exército principal. Em 324, os dois homens foram designados pelo rei para liderar 11.500 veteranos da Babilônia para a Macedônia. É provável que Alexandre queria ter comandantes conservadores como Crátero e Poliperconte longes o tanto quanto possível da força principal, que era uma maneira de silenciar a oposição contra a sua política de sincretização dos costumes dos gregos com os dos orientais.
pella grécia vistas
Representação do deus Dioniso num mosaico
em Pela, antiga capital da Macedônia
Levou-se algum tempo para chegar à Macedônia. Na Cilícia, os veteranos tiveram que construir a frota que Alexandre queria usar para atacar Cartago na África. Os soldados ainda estavam trabalhando quando souberam que Alexandre morrera na Babilônia. Junto com Crátero, Poliperconte foi para a Macedônia e ajudou Antípatro a vencer a rebelião grega contra a Macedônia na batalha de Crannon em 322 a.C. e assegurar a hegemonia macedônica sobre a Hélade. Quando estourou a primeira Guerra dos Diádocos (322-320), Poliperconte ficou como lugar-tenente de Antípatro no comando da Macedônia enquanto esse foi para à Ásia da qual retornou pouco depois como regente do império de Alexandre e guardião dos reis Filipe III e Alexandre IV. A escolha de Antípatro de designar Poliperconte como o novo regente tinha todo um embasamento na carreira e no prestígio que o antigo militar gozava. Cassandro era jovem e sem experiência política e militar; para assegurar a unidade de um vasto, mas instável  império, ninguém melhor do que um militar experiente e respeitado por todos. Além disso, desvinculando a sucessão de sua família Antípatro evitaria qualquer acusação de pretensões dinásticas por parte dos demais diádocos o que causaria mais uma guerra. Mas toda a precaução e sabedoria de Antípatro foram em vão: a ambição de Cassandro deu-lhe forças e ousadia para discordar da vontade de seu pai. Morreu o Regente, mas  uma nova guerra nasceu.
Moeda de Filipe III Arrideu possivelmente cunhada na regência de Poliperconte
Conspirações
Cassandro ficou insatisfeito com a nomeação de Poliperconte e irritado com a idéia de que a autoridade de seu pai devesse passar para alguém de fora de sua família, já que Cassandro considerava-se capaz de lidar com assuntos de Estado e já deram provas de seus méritos e bravura . Sendo assim, Cassandro começou a angariar aliados para uma revolta entre seus amigos e até nas cidades gregas; ele também enviou mensageiros em segredo a Ptolomeu do Egito, que ao saber da morte de Antípatro, aproveitara a oportunidade para ocupar a Fenícia. Cassandro queria renovar sua amizade com ele e convidá-lo para ser seu aliado e enviar com toda pressa uma frota da Fenícia para o Helesponto. Cassandro organizou uma caçada por muitos dias para dissipar qualquer suspeita de que ele estava prestes a se revoltar. Além de Ptolomeu Cassandro incluiu entre seus aliados a Lisímaco, governador da Trácia, e principalmente a Antígono que controlava o maior exército de todos na Ásia.  Antígono e Ptolomeu tinham interesses conflitantes: o primeiro queria a manter a seu favor a unidade do império de Alexandre enquanto que o segundo queria um Egito poderoso e independente; mas no momento tinham em comum o desvencilharem-se dos reis e seu Regente. Por sua vez, Poliperconte, que assumira a regência e a tutela dos reis realizou uma reunião de seu conselho com os seus amigos. Com sua aprovação, convocou Olímpia, convidando-a para assumir os cuidados do filho de Alexandre e para fixar residência na Macedônia com a autoridade real; Olímpia já tinha fugido para Épiro por causa de sua discordância com Antípatro. Dessa forma o Regente fortalecia seu vínculo com a família real.
Moeda de Filipe III talvez cunhada na época de Poliperconte
A Segunda Guerra dos Diádocos (318-315 a.C.)
Na primavera de 318 a.C., iniciou-se  o segundo conflito entre os sucessores de Alexandre. Poliperconte, entretanto, não foi facilmente derrotado pela poderosa aliança que Cassandro organizou. Ele fez o rei Filipe III Arrideu  escrever uma carta-patente a Eumenes, inimigo de Antígono, que embora derrotado mantinha-se na ativa. A carta em nome do rei determinava que Eumenes tomasse o comando das unidades militares do exército de Antígono. Como a carta tinha sido escrita pelo rei, que também era irmão de Alexandre, teve uma grande influência para muitos os soldados que acabaram por juntar-se a Eumenes, que também apreendeu um dos tesouros que Alexandre, o Grande, tinha conquistado em Persépolis e tinha enviado para o Ocidente. Tendo em homens e dinheiro, Eumenes foi para a Fenícia de onde ele expulsou as forças de Ptolomeu e começou a construção de uma marinha para Poliperconte.
A Batalha de Salamina (480 aC) - Nesta batalha, a frota da cidades-estados gregas comandado por Eurybiades e Themistocles lutou contra o Império Aquemênida frota Islâmico (Pérsia) comandado por Xerxes I. A frota persa era muito mais maior do que o frota grega (alguns dizem que foi de 1.000 navios persas contra 378 navios gregos).  Quando os navios persas entraram no Estreito de Salamis em condições precárias, eles foram facilmente derrotados pelos gregos.  Alguns dizem que se eles ganharam teria mudar muito.
Frota de antigos navios gregos
Poliperconte decretou que as cidades gregas que tinham sido submetidas por Antípatro seriam livres e autônomas de novo. O resultado foi um empate. Muitas cidades passaram para o governante da Macedônia, mas Pireu, o importante porto de Atenas, ficou com Cassandro. No outono de 318, a  marinha de Poliperconte foi derrotada pela frota de Antígono no Bósforo; como a frota que Eumenes estava construindo  nunca apareceu, Poliperconte perdeu o controle do Mar Egeu para Antígono, mas esse não estava tão  interessado nesse controle e apressou-se para a Fenícia, pois considerava Eumenes mais perigoso para seus propósitos.  Na Europa, Cassandro garantiu o apoio de Atenas e nomeou como governador a Demétrio de Falero, um aluno do filósofo Aristóteles de Estagira e que tornou-se célebre como bibliotecário da famosa biblioteca de Alexandria.  Cassandro retornou à Macedônia e derrotou as forças de Poliperconte. Eurídice, esposa do rei Filipe Arrideu, deu total apoio a Cassandro e fez com que seu marido o nomeasse o novo regente. Assim Cassandro foi reconhecido como governante da Macedônia e regente do rei Filipe Arrideu na primavera de 317 a.C.
File:Alexandria18.jpg
Estátua de Demétrio de Falero na atual biblioteca de Alexandria
Poliperconte fugiu para a Épiro, a oeste, junto com a viúva de Alexandre, Roxane e seu filho, o rei-menino Alexandre IV bem como com Olímpia, a mãe de Alexandre, o Grande. No Épiro, o rei Eácides, primo de Olímpia, garantiu-lhe apoio.  Não era uma coalizão muito poderosa , mas valia-se do trunfo de ter consigo o o rei-menino Alexandre IV que era o legítimo sucessor de Alexandre Magno, enquanto Filipe Arrideu era um bastardo de Filipe II.  Quando eles invadiram a Macedônia em outubro de 317, Cassandro deixara o reino nas mãos de Filipe Arrideu  e sua esposa e partira para a Grécia onde o Alexandre, filho de Poliperconte, mantinha o controle de algumas localidades. O rei e sua esposa foram ao encontro dos invasores,  mas todo o seu exército se recusou a lutar contra o filho de Alexandre Magno e desertou para o lado de Poliperconte. Olímpia fez com que Arrideu e sua esposa fossem  executados bem como muitos apoiadores de Cassandro. No ano seguinte, quando Cassandro vindo da Grécia reconquistou a Macedônia e sepultou os corpos de Filipe e Eurídice com pompa real em Egas, a antiga capital, e comemorou os jogos funerais em sua honra. Olímpia, Roxane e Alexandre IV  estavam sitiados pelas forças de Cassandro na cidade de Pidna na qual o regente não consegui entrar, mas bloqueou-a de tal forma que os sitiados não podiam fugir nem receber ajuda.
File:Archaea pydna ancient.jpg
Ruínas da antiga cidade de Pidna
Popliperconte e Eácides tentaram ajudar Olímpia. Mas, uma parte dos súditos do rei Eácides se rebelaram contra essa campanha (possivelmente por terem aversão à Olímpia) e o rei, licenciando os rebeldes, marchou somente com os que o apoiavam. Logo após sua partida, os rebeldes o declararam banido do reino e fizeram aliança com Cassandro. Pirro, o herdeiro de Eácides que tinha então apenas dois anos, foi salvo com dificuldade da execução por causa de alguns servos fiéis, Androcleides e Angelos, que o refugiaram na Ilíria. Eácides e seus homens foram derrotados pelo general macedônio Atarrias e Cassandro colocou Licisco como regente do Épiro em nome do novo rei eleito pelos epirotas: Neoptólemo II, filho de Alexandre I, o Molosso, que era ainda uma criança. Quando de seu domínio sobre o Épiro, Cassandro fundou a cidade de Antipatrea na região epirota da Caônia. Hoje é a cidade de Berat na Albânia (imagem abaixo).


Cassandro Regente
Enquanto Poliperconte se dirigia para a Grécia, Cassandro conquistou Pidna e tinha agora em suas mãos a família real. Os soldados de Olímpia, exauridos pela falta de alimentos causada pelo cerco de Cassandro, passaram-se para o lado do regente. Após uma tentativa frustrada de fuga, Olímpia enviou emissários a Cassandro que, em troca que ela ordenasse a rendição de Pela e outras cidades a ela leais, garantiria-lhe a vida. Mas Olímpia era muito perigosa para as ambições de Cassandro que temia a sombra da família de Alexandre Magno sob sua regência. Após mandar assassinar Aristônous, que fora guarda-costas de Alexandre, Cassandro reuniu os parentes de várias pessoas mortas sob o mando de Olímpia para acusá-la de vários crimes. Secretamente, Cassandro ofereceu um escape e exílio para a rainha-mãe em Atenas, mas ela recusou. Temendo que a opinião dos macedônios se voltasse a favor da mãe de Alexandre Magno, o regente ordenou sua execução, mas os homens incumbidos não realizaram a tarefa e Olímpia foi morta pelos parentes das vítimas que fizera. Assim, embora prometesse poupar a vida da rainha-mãe, Cassandro mandou-a executar (início de 316 a.C.). Roxane e Alexandre IV "reconheceram" Cassandro como o novo regente que retirou do rei-menino e sua mãe os pajens e o tratamento real e trancou-os na fortaleza de Anfípolis sob a guarda de seu leal capanga Gláucias.
Atual cidade de Kassandra na Grécia
Cassandro refundou a cidade de Potideia aumentando seu tamanho na Península Calcídica e de-lhe o nome de Cassandreia (atual Kassandra na Grécia). Com o investimento de  Cassandro, a cidade prosperou e se tronou uma das mais importantes da Macedônia. Cassandro casou-se com a irmã de Alexandre, o Grande, Tessalônica, filha de Filipe II com Nicesípolis. Assim, o novo regente se unia a família real e ao direito de reivindicar o trono. A despeito de todo arranjo político dessa união, Cassandro tratou a princesa com todo respeito fundando até mesmo, em c. 315, uma cidade com seu nome: Tessalônica (atual Salônica na Grécia).  Do enlace vieram três filhos: Filipe, Antípatro e Alexandre. Ainda em 315, para obter o apoio dos tebanos, Cassandro reconstruiu a célebre e antiga cidade de de Tebas que fora destruída por Alexandre Magno em 335 a.C. A Segunda Guerra dos Diádocos continuava no Oriente entre Antígono e Eumenes e terminou em 315 com a morte desse último.  Cassandro conseguira seu objetivo: Ambicioso e determinado impusera sua regência sobre a Macedônia. Poliperconte, desesperançado de sucesso na Macedônia, retirou-se para o Peloponeso.
Moeda do tempo da regência de Cassandro com o nome de Filipe III,
a efígie  laureada de Zeus e uma representação simbólica de Juventude

A Terceira Guerra dos Diádocos (314-311 a.C.)
Ao fim da Segunda Guerra dos Diádocos, Antígono Monoftalmo tornou-se o único governante do Oriente controlando toda a Ásia entre o Mar Egeu e a cordilheira.do Hindu Kush além de um riquíssimo tesouro. Sendo assim, Antígono era poderoso o suficiente para reivindicar a unidade do império de Alexandre sob seu governo. Ptolomeu estava alarmado com o crescimento do seu poder, sabendo que seria incapaz de manter a independência do Egito contra as forças unidas da Ásia . O governante do Egito advertiu a Cassandro e Lisímaco, o sátrapa da Trácia. No outono, os três homens concluíram uma aliança contra Antígono e enviou um ultimato ao poderoso sátrapa da Ásia que chegou a ele no inverno de 315/314: todo o dinheiro que havia adquirido em sua campanha no Oriente tinha que ser redistribuído entre os diádocos e ele tinha que desistir de suas conquistas. Naturalmente, Antígono recusou e uma terceira guerra entre os diádocos eclodiu na primavera de 314.
Os reinos dos Diádocos durante a Terceira Guerra
Ao mesmo tempo, Antígono conclamava seus homens e todos os simpatizantes dos macedônios a verem Cassandro como um traidor da causa macedônica: Ela acusava Cassandro do assassinato da mãe de Alexandre, Olímpia, de ter forçado o casamento com Tessalônica para reivindicar o trono e de maltratar a Roxane e seu filho, o jovem rei Alexandre IV (que não era visto em público há algum tempo), de ter reconstruído Tebas e Potideia (Cassandreia), que forma cidades inimigas dos macedônios. O conflito na Europa tornava-se inevitável. Poliperconte estava quase sem forças, mas ele ainda controlava partes do Peloponeso, e ainda podia alegar que estava, oficialmente, como regente do rei Alexandre IV e sua mãe Roxane (que eram mantidos sob custódia por Cassandro). Antígono enviou Aristodemo ao Peloponeso para formar uma aliança de amizade com Poliperconte e seu filho Alexandre , e este último foi persuadido por Aristodemo a viajar para a Ásia para uma conferência pessoal com Antígono em Tiro na Fenícia. Um tratado foi feito entre eles e Alexandre voltou para a Grécia com 500 talentos dados por Antígono e muitas promessas grandiosas. Em troca Poliperconte transmitiu-lhe o título de regente do Império. Poliperconte agora só tinha um cargo militar. Ao mesmo tempo, Cassandro ofereceu-lhe uma posição mais prestigiosa (governador do Peloponeso), mas Poliperconte recusou. Seu filho Alexandros pretendeu o título, mas foi assassinado em Sicyon. Sua viúva, Cratesipolis, manteve as duas cidades que ele havia conquistado, Sicyon e Corinto, para Poliperconte e Antígono.
Moeda cunhada sob a regência de Cassandro que traz o nome
de Alexandre Magno e as efígies de Zeus e Héracles.
Essa aliança impediria Cassandro de passar para a Ásia e Antígono proclamou que os gregos seriam livres e autônomos sob seu governo. Outras cidades quebraram a sua aliança com Cassandro e em 313 grande parte do Peloponeso estava nas mãos de Antígono que também havia criado uma federação de estados insulares do Mar Egeu (a Liga Nesiótica) o que enfraquecia ainda mais o poder do governador da Macedônia. Cassandro agora era forçado a abrir as negociações. Mas, antes que ele pudesse concluir uma paz em separado com Antígono, seus aliados Lisímaco e Ptolomeu renovaram sua oferta de assistência e Cassandro decidiu continuar a luta. Quando Antígono invadiu a Europa, Lisímaco o enfrentou e seu ataque deu em nada. Na Ásia, Ptolomeu e Seleuco, que fora governador da Babilônia, enfrentavam as forças de Antígono que por fim reconheceu que não podia de imediato superar a aliança de seus rivais e assim um armistício foi celebrado entre os diádocos beligerantes em acordo de paz em dezembro de 311 a.C. Pelo tratado, do qual participou o arconte de Atenas, Simonides, Ptolomeu do Egito e Lisímaco da Trácia foram confirmados em seus territórios e Cassandro e Antígono permaneceram como comandantes supremos das forças macedônicas na Europa e na Ásia, as cidades gregas foram reconhecidos por todas as partes como livres e autônomas, embora Cassandro mantivesse guarnições em diversos lugares. Foi acordado também que o jovem rei Alexandre IV, filho de Alexandre, o Grande, e Roxane, se tornaria o único governante do império inteiro quando atingisse a maioridade em 305 a.C.
Alexander's son Alexander IV. Louvre, Paris (France). Photo Marco Prins.
Representação egípcia de Alexandre IV
Alexandre IV estava crescendo e que algumas pessoas estavam espalhando na Macedônia que já se devia liberar o rapaz de sua custódia e entregar-lhe o reino de seu pai. Com medo de sua própria segurança e para não tornar em vão toda a luta que enfrentara em 10 anos para tomar o poder, Cassandro instruiu Gláucias, que estava encarregado da custódia do rei, para assassiná-lo bem como a sua mãe Roxane e esconder seus corpos não relatando a ação a qualquer um dos outros. Gláucias cumpriu suas ordens. Os Diádocos estavam livres para governar como reis os territórios sob seu poder, apesar de nenhum deles inicialmente ostentar o título de basileus (rei). Mas a morte de Alexandre IV não eliminou toda a descedência de Alexandre III, o Grande.
O Sol de Vergina: Símbolo Real da Macedônia
Héracles
Antígono estava muito ocupado no Oriente onde os governadores Seleuco e Peiton estavam em revolta. Para manter alguma pressão sobre Cassandro, Antígono mandou um jovem chamado Héracles a Poliperconte alegando que esse era o filho de Alexandre, o Grande e sua amante persa Barsine. O velho general poderia continuar a sua luta contra Cassandro em nome da restauração da Casa Real da Macedônia (os Argéadas). O jovem de cerca de 18 anos, é conhecido como Héracles da Macedônia (ca. 327 - 309 a.C.), e foi considerado um filho bastardo de Alexandre, o Grande, com Barsine, filha do sátrapa persa Artabazo da Frígia. Provavelmente Héracles recebeu esse nome como homenagem ao herói e semideus da mitologia grega de mesmo nome, de quem os Argéadas reivindicavam ser descendentes. Não pode ser estabelecido de forma definitiva se Héracles era filho de Alexandre ou não. Das fontes antigas, tanto Plutarco e Justino mencionam Barsine e Héracles, mas Arriano em sua Anabasis Alexandri não o menciona. Plutarco relata que Alexandre iniciou sua relação com Barsine por recomendação do general Parmênion que capturara a dama persa quando da conquista de Damasco. A informação de Héracles ser filho de Alexandre é contestada como verdadeira, pois Hércales sequer é mencionado como possível herdeiro quando da morte de Alexandre em 323 a.C. Seu irmão bastardo, Arrideu, e seu filho, Alexandre IV, que nem nascera na ocasião foram apontados como sucessores. Nenhum dos diádocos se arvorou em defensor dos direitos desse possível primogênito de Alexandre.
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O Sol de Vergina: Símbolo pan-helênico utilizado
 como símbolo da realeza macedônica
No entanto, sendo também membro de uma importante família persa, Héracles, pode ter vivido sob a proteção de seu avô Artabazo longe das querelas dos diádocos. Seja como for, em 309 a.C., Poliperconte começou a reunir um exército para defender os direitos de Héracles. Cassandro abriu negociações, apontando para um comportamento não confiável de Antígono. Por fim, ele rompeu sua aliança com Antígono e se alinhou com Cassandro, contra quem guerreava a mais de dez anos, e que lhe ofereceu uma grande soma de talentos e a posição de estratego do Peloponeso. Em troca Cassandro ordenou que Poliperconte executasse a Barsine e Héracles o que ocorreu no mesmo ano. O velho general morreu depois de 304 a.C. com mais de 90 anos. Agora não havia mais reis para terem regentes nem defensores. Os diádocos que sempre evidenciaram suas ambições de controlar plenamente seus territórios ou todo Império não precisavam mais de desculpas para assumirem suas pretensões. Cassandro sem rei para representar estava livre para assumir a realeza e fundar sua própria dinastia na realeza da Macedônia.

REFERÊNCIAS:

Clássicos IlustradosAlexandre e César – A Vida Comparada dos Maiores Guerreiros da Antiguidade. Plutarco. Trechos disponíveis em :Em http://books.google.com.br
http://el.wikipedia.org/wiki/Κάσσανδρος
http://cd7.e2bn.net/e2bn/leas/c99/schools/cd7/website/Greece.htm
http://virtualreligion.net/iho/cassander.html
http://www.livius.org/di-dn/diadochi/diadochi_t01.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Cassander
http://www.livius.org/di-dn/diadochi/diadochi_t03.html
http://www.livius.org/maa-mam/macedonia/macedonia4.html
http://www.wildwinds.com/coins/greece/macedonia/kings/kassander/i.html.
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http://karenswhimsy.com/ancient-greek-warfare.shtm
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http://www.greeceathensaegeaninfo.com/h-taxi-greece/taxi-tours-pella-vergina.htm

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