sexta-feira, 5 de novembro de 2010

PTOLOMEU CERAUNO (281- 279 a.C.)

Primogênito do Faraó
Ptolomeu era o filho mais velho de Ptolomeu I Sóter, faraó macedônico do Egito, e sua terceira esposa, Eurídice, filha de Antípatro, regente da Macedônia. Ptolomeu Cerauno era, portanto também sobrinho do rei Cassandro da Macedônia. Ele foi apelidado de Κεραυνός, isto é Keraunós, “relâmpago”. Segundo Mnêmon de Heracleia isso se deve a seu temperamento imprudente; outra versão afirma que recebeu essa alcunha por causa de um rápido assassinato que cometera. Inicialmente tudo indicava que Cerauno iria suceder o rei Ptolomeu I, mas no final do seu reinado, esse começou a preferir Ptolomeu Filadelfo, filho de sua quarta esposa. Possivelmente uma intriga da corte em que Eurídice e Berenice disputaram em influência sobre o rei para conseguir o trono para seus respectivos filhos. De qualquer forma, Filadelfo tornou-se herdeiro e é mencionado em vários papiros dos anos 285-283 como rei Ptolomeu co-regente. Ele foi coroado como o faraó em 7 de Janeiro de 282 a.C.
Ptolomeu I Sóter

Da Corte de Lisímaco para a Corte de Seleuco
Ptolomeu Cerauno deixa o Egito (segundo Mnêmon de Heracleia, fugido) e vai para a corte de Lisímaco, rei da Trácia, Macedônia e de parte da Ásia Menor. Sua irmã por parte de pai, Arsínoe, era a esposa de Lisímaco e sua irmã plena, Lisandra, era nora do rei, casada com Agátocles. Era evidente que Agátocles iria suceder seu pai, e isso significava que Arsínoe e seus três filhos estavam a tornar-se sujeitos de sua meia-irmã. Ela começou a denegrir e acusar Agátocles e, eventualmente, Lisímaco ordenou a execução de seu próprio filho. 
Lisímaco
Segundo Mnêmon, Ptolomeu tomou parte ativa na conspiração contra Agátocles, inclusive sendo o executor de sua morte. Mas, os eventos posteriores parecem não confirmar isso. Lisandra decidiu sair da corte fugiu para a Seleuco I Nicátor, rei da Ásia, que residia na Babilônia; Cerauno acompanhou Lisandra que era sua irmã também por parte de mãe. Assim, ele era um refugiado de novo. Os irmãos pediram o auxílio ao rei da Ásia para vindicar seus direitos. Não obstante sua idade já avançada, Seleuco viu nisso a oportunidade de intervir em seu próprio proveito na política de da Trácia e do Egito. Ele podia legitimamente intervir no reino de Lisímaco (onde ele poderia colocar um filho de Lisandra e Agátocles no trono) e ele também pode intervir no Egito (onde ele poderia colocar Ptolomeu Cerauno no trono). Não obstante, se fosse muito bem sucedido, o próprio Seleuco poderia incorporar esses reinos ao seu já vasto império. Assim, no verão de 282, Seleuco começou a reunir um exército e rumou para o Ocidente.

Seleuco I Nicátor

A Vitória e Derrota de Seleuco
Lisímaco, também idoso, não se fez de rogado e atravessou o Helesponto para enfrentar seu adversário. A batalha, única e decisiva, se deu perto de Sardes na planície de Corupédio em 281 a.C. O exército trácio-macedônico foi derrotado e o rei Lisímaco morreu em combate. Seleuco avançou para o noroeste, onde nada poderia impedi-lo de adicionar a Trácia e a Macedônia ao seu império. Ptolomeu Cerauno fazia parte da comitiva de Seleuco e era tratado com grande distinção já que era de sangue real e, segundo Mnêmon, Seleuco lhe prometera conquistar-lhe o trono do Egito. No final do verão, Seleuco atravessou o Helesponto e queria visitar a Trácia e a Macedônia, onde ele queria ser reconhecido como rei. No entanto, nunca chegou a esse objetivo, porque ele foi esfaqueado até a morte por Cerauno, que recebeu esse apelido "Relâmpago" (Keraunós) por causa deste ato. De acordo com um tablete babilônico, o assassinato ocorreu entre 26 de agosto e 24 de setembro 281. Não se sabe os motivos de Cerauno. Possivelmente ele percebeu que Seleuco não iria instalar ninguém no trono a não ser a si mesmo ou o velho rei da Ásia já estava desconfiado do mau caráter de Cerauno e começou a preteri-lo como fizera o próprio pai de Cerauno.
O Helesponto

O Novo Rei da Macedônia
Após seu crime, ele pulou em cima de um cavalo e correu para Lisimáquia, onde ele colocou um diadema e escoltado por um notável guarda-costas saiu ao encontro do exército que acabou por aceitá-lo e reconhecê-lo como rei. Ele servira como oficial nos exércitos de Seleuco e Lisímaco sendo familiar aos soldados. Ele também era neto de Antípatro, que tinha sido regente da Macedônia e sobrinho do rei Cassandro e assim o reconhecimento de sua realeza na Macedônia e adjacências também não foi tão difícil. Para consolidar ainda mais sua posição Ptolomeu Cerauno pediu a sua irmã Arsínoe, que era viúva de Lisímaco, para se casar com ele. Porém, havia três outros candidatos que poderiam desafiar sua pretensão ao trono, mas nenhum deles era realmente perigoso: o filho de Seleuco, Antíoco; o rei Pirro de Épiro que tinha parentesco com a dinastia dos Argéadas e já governara a Macedônia; e Antígono II Gonatas, cujo pai Demétrio I Poliorcetes outrora governara a Macedônia.
A Macedônia e adjacências na época de Ptolomeu Cerauno
Antíoco, que enfrentava um ataque do Egito, selou um tratado de paz com Cerauno e ficou com posse da porção asiática do reino de Lisímaco enquanto que Cerauno ficou com a porção européia (Macedônia e Trácia). Pirro que se preparava para sua campanha na Itália quis assegurar a paz com seu vizinho e casou-se com a filha de Ptolomeu Cerauno. Antígono II investiu contra Cerauno , mas foi derrotado e ficou confinado na cidade de Demetrias na Tessália. Assim o poder de Cerauno parecia estender-se também à Grécia. Mas o novo rei voltou à Macedônia para fortificar seu reinado.
Antígono II Gônotas

Conspiração
Enquanto estava em campanha, Arsínoe conspirou contra seu irmão-esposo juntamente com seus filhos em Cassandreia, a nova capital do reino. Cerauno rapidamente capturou Cassandreia e matou os dois filhos mais novos de Arsínoe, Filipe e Lisímaco Júnior, enquanto o mais velho, Ptolomeu, fugiu para o norte para o reino ilírio dos dardânios. Arsínoe fugiu para o Egito, onde se casou com seu próprio irmão, Ptolomeu II e tornou-se Arsínoe II. Segundo outra versão, pouco tempo depois do casamento com sua irmã Cerauno matou os filhos dela com Lisímaco que poderiam posteriormente reivindicar o trono de seu pai. Ela foi banida para o Egito e lá se casou com seu irmão o faraó Ptolomeu II. Não muito mais tarde, Cerauno escreveu ao seu meio-irmão dizendo que desistiu de suas pretensões ao trono egípcio melhorando as relações com o Egito.
Moeda com as efígies de Ptolomeu II e Arsínoe II

A Invasão Gálata
Em 279, um novo inimigo apareceu ao norte da Ilíria e da Trácia: os gauleses (também chamados gálatas). Eles se dividiram em várias frentes e o grupo liderado por Bólgios rumou em direção à Trácia. Quando as tribos trácias pediram a ajuda ao rei, ele se recusou, pensando que se eles fossem enfraquecidos pelos invasores, eles seriam menos perigosos para seu próprio reino. Este foi um grande erro, porque os trácios foram agora forçados a se juntar aos gálatas. Na primavera de 279, o líder Bólgios invadiu a Macedônia. Parece que Ptolomeu subestimou seus inimigos visto que recusou a oferta de mercenários dardânios. Bólgios enviou embaixadores a Ptolomeu, exigindo pagamento para cancelar o ataque. Ptolomeu recusou-se e exigiu que os gauleses entregassem-lhe reféns e suas armas. A batalha aconteceu alguns dias depois, quando os macedônios foram severamente derrotados. O elefante em que Cerauno estava foi ferido e o rei caiu. Ele foi capturado e decapitado, e sua cabeça desfilou diante do exército em uma lança. Seu irmão Meleagro sucedeu-o momentaneamente, mas a morte de Ptolomeu Cerauno lançou a Grécia e Macedônia num estado de anarquia aguardando um novo líder com pulso forte para estabilizar os Estados gregos na Europa ante a invasão dos gálatas.
File:ThracianTribes.jpg
A invasão dos gálatas



REFERÊNCIAS
http://www.attalus.org/translate/memnon1.html
http://www.livius.org/ps-pz/ptolemies/ptolemy_keraunos.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Ptolemy_Keraunos

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