quarta-feira, 6 de outubro de 2010

ANTÍGONO I MONOFTALMO (Diádoco, 323-301 a.C.) - PARTE II

A Terceira Guerra dos Diádocos (314-311 a.C.)
Antígono tinha todos os bens asiáticos do Império em suas mãos e sua autoridade se estendia desde as satrápias orientais até a Síria e a Ásia Menor. Ele pegou os tesouros de Susa e entrou na Babilônia. Seleuco, o governador, fugiu para junto de Ptolomeu no Egito e entrou em uma aliança com ele, Lisímaco e Cassandro (315 a.C.) contra Antígono. No outono, os Diádocos enviaram um ultimato a Antígono, que a ele chegou no inverno de 315/314: todo o dinheiro que ele capturara dos tesouros do Oriente deveria ser redistribuído com os demais diádocos (visto que eram fruto das conquistas de Alexandre da qual todos participaram) e  que ele ainda teria que desistir de suas conquistas no Oriente. Naturalmente, o homem que tinha dentro de três anos conquistado tudo entre o Mar Egeu e o Irã não estava disposto a ceder tanto. A resposta de Antígono foi uma nova guerra: A Terceira Guerra dos Diádocos.
Quadro geral da Terceira Guerra dos Diádocos
Em 314, Antígono invadiu a Síria e a Fenícia, que estava sob o controle de Ptolomeu. Ao mesmo tempo, Antígono procurou reforçar sua posição na Grécia e na Macedônia: Antígono se aliou a Poliperconte e seu filho Alexandre, que lutavam na Grécia contra a usurpação de Cassandro da regência da Macedônia e controlavam o Peloponeso. Além de dinheiro enviado por Antígono a Poliperconte, a transação envolveu a cessão do cargo de regente do Império, que oficialmente pertencia a Poliperconte, a Antígono que tomando por base a política violenta e nada popular de Cassandro arvorou-se em campeão da causa greco-macedônica. Ele convocou uma assembléia geral de suas tropas e dos estrangeiros residentes e acusou Cassandro de executar injustamente a mãe de Alexandre Magno, Olímpia, e que ele prestasse conta do destino da rainha-mãe Roxane e do rei Alexandre IV (que Cassandro mantinha sob custódia numa fortaleza em Anfípolis e que não eram vistos em público há algum tempo).
File:Cassander.jpg
Cassandro em retratação do século XVI d.C. 
Antígono apresentou Cassandro como traidor e inimigo dos macedônios: Cassandro, teria forçado Tessalônica, irmã de Alexandre Magno, a se casar com ele, o que indicava uma eventual reivindicação do trono da Macedônia; ele reconstruiu uma cidade dos olintianos, inimigos dos macedônios e batizou o novo núcleo urbano de Cassandreia e havia restaurado Tebas, que os macedônios haviam arrasado. Com o total apoio da multidão, Antígono declarou Cassandro inimigo público do Império, a menos que libertasse o rei-menino e sua mãe e destruísse as cidades que reerguera se submetendo a regência de Antígono. Para fortalecer-se procurou angariar o importante apoio dos gregos do Peloponeso: Antígono enviou mensageiros à Grécia para proclamar a isenção de impostos, liberdade e autonomia das cidades gregas bem como a retirada de guarnições macedônicas (que Cassandro mantinha na região). Antígono despachou Alexandre, filho de Poliperconte, para a Grécia com essas instruções e 500 talentos. Esta foi uma manobra extremamente inteligente: Ptolomeu, que queria atuar como protetor da Grécia, escreveu as cidades gregas alegando que também pretendia a autonomia das cidades gregas, o que o colocava em uma situação difícil com seu aliado. Cassandro que queria impor a hegemonia macedônica sobre a Grécia. Segundo o historiador Diodoro da Sicília, a idéia de Antígono era que tendo os gregos como aliados, quando ele tomasse posse do Império como único sucessor de Alexandre Magno, as satrápias orientais aderissem a ele sem distúrbios nem rebeliões.
Porto Pireu de Atenas
Em 313, da ilha de Rodes, Antígono partiu contra Tiro na Fenícia e a sitiou impedindo a importação de grãos para a cidade e assim manteve o bloqueio durante um ano e três meses. Pressionados pela fome, os sitiados pediram a rendição. Aos soldados de Ptolomeu ele permitiu irem embora com suas posses e depois colocou uma guarnição na cidade para defendê-la. O movimento final de Antígono contra o governante da Macedônia foi a criação de uma federação de estados insulares no Mar Egeu (a Liga Nesiótica), que ele poderia usar quando atacasse Cassandro em sua própria terra. Com o Peloponeso aliado a Antígono, Cassandro quase foi derrotado e abriu negociações. Antes que ele pudesse concluir um tratado de paz em separado com Antígono, seus aliados Lisímaco e Ptolomeu renovaram sua oferta de assistência e Cassandro decidiu continuar a luta. Se Antígono invadisse a Europa, Lisímaco estava pronto para enfrentá-lo. Assim, Antígono não levou a guerra diretamente à Europa.
Lisímaco
Apesar da queda de Tiro, Ptolomeu reuniu suas forças e atacou a Cilícia (verão de 312). Demétrio, filho de Antígono, foi derrotado na Batalha de Gaza por Ptolomeu. Ptolomeu embarcou para a Síria, mas quando Antígono chegou, ele voltou para casa, sabendo que suas forças não eram páreas para o senhor da Ásia (inverno 312/311). Neste momento, Antígono cometeu o maior erro de sua vida, na opinião do historiador alemão Jona Lendering, ao não dar a devida atenção a Seleuco. Antigo sátrapa da Babilônia, ele era um dos comandantes do exército de Ptolomeu e quando as forças de Ptolomeu foram recuando, ele pegou suas unidades e, em vez de marchar para o Egito, atravessou o deserto e avançou para a Babilônia, onde foi reconhecido como sátrapa em 1º de junho de 311. Embora as conseqüências dessa ação não fossem claras naquele tempo Seleuco acabou por ser, nas palavras do historiador alemão, a nemêsis de Antígono, seu inimigo fatal.
Seleuco
Apesar de seu poderio, tornou-se evidente que Antígono e Demétrio não conseguiriam derrotar Ptolomeu, Lisímaco e Cassandro, num futuro próximo. Assim em dezembro de 311, um tratado de paz foi concluído em dezembro. Ptolomeu e Lisímaco foram confirmados em seus territórios; Cassandro e Antígono permaneceram comandantes supremos das forças macedônicas na Europa e na Ásia, as cidades gregas foram reconhecidos por todas as partes como livres e autônomas (mas, Cassandro manteve guarnições em vários lugares) e que foi acordado que o rei-menino Alexandre IV se tornaria o único governante do império inteiro quando atingisse a maioridade em 305. Isso posto, Antígono se voltou para o Oriente para reconquistar os territórios que Seleuco lhe arrebatara.

A Guerra Babilônica (311-309 a.C.)
Antígono aproveitou a tênue trégua para atacar Seleuco, que não tinha assinado o tratado. Seleuco, reforçado com macedônios veteranos vindos da cidade de Harran, chegou à sua antiga capital, Babilônia, na segunda metade de maio de 311. Ele foi logo reconhecido como o novo governante. Somente a fortaleza permaneceu ocupada por uma guarnição fiel a Antígono. Seleuco construiu uma barragem no rio Eufrates e criou um lago artificial. Em agosto, de repente ele rompeu a barragem e a inundação destruiu as muralhas da fortaleza.
Antiga Babilônia - Vista da antiga Babilônia
Babilônia
Os sátrapas de Antígono, Nicanor da Média e Euagoras da Ária, intervieram com um exército de 10.000 homens de infantaria e 7.000 cavaleiros, mas Seleuco e um exército de 3.000 de infantaria e 400 cavaleiros estavam esperando por eles perto do rio Tigre desde setembro de 311. Ao esconder os seus homens em um dos pântanos e atacar à noite, Seleuco foi capaz de derrotar os soldados macedônios do exército de Nicanor e Euagoras, depois que os soldados iranianos decidiram se aliar com o governante da Babilônia (novembro de 311). Sem problemas, Seleuco pôde mover-se através das montanhas Zagros e ocupar Ecbátana (a capital da Média) e Susa (capital de Elão). Ele agora controlava o sul dos atuais territórios do Iraque e da maior parte do Irã. A notícia da derrota de Nicanor e Euagoras alcançou Antígono mais ou menos na época de sua assinatura do tratado de paz dos Diádocos (dezembro de 311). Ele enviou Demétrio para restaurar seu domínio e ele chegou no início da primavera de 310, quando Seleuco ainda estava no leste.
Os Montes Zagros, Irã
Demétrio chegou a entrar na Babilônia assediando duas de suas cidadelas. Quando a primeira foi capturada e saqueada, a força principal deixou a cidade, deixando Arquelau como sátrapa com a missão de tomar a segunda cidadela. Demétrio tinha ordens para retornar, e Seleuco organizou uma guerrilha contra Arquelau. Em agosto de 310, Antígono chegou na Babilônia. Havia embates nas ruas, mas Antígono foi incapaz de capturar todos os edifícios que queria tomar, e parece ter deixado a cidade em março de 309, embora a luta no campo durasse até depois de 10 de abril do mesmo ano, no dia de Ano Novo. Durante o verão, Antígono realizou campanhas punitivas nos arredores e Seleuco continuou a guerrilha. A luta deve ter tido um efeito devastador sobre a cidade e a área rural da Babilônia. Os preços subiram a níveis inacreditáveis, como está registrado pelo autor da Crônica Babilônica dos Diádocos que registrou alguns momentos desse período.
BCHP 3, the Chronicle of the Diadochi, reverse. Photo Bert van der Spek.
Crônica Babilônica que registra o conflito
entre Antígono e Seleuco na Babilônia
Finalmente, Seleuco e Antígono se confrontaram abertamente em batalha. Segundo o autor grego Polieno, Seleuco ordenou aos seus homens que fizessem seu desjejuem durante a noite, e atacou antes do amanhecer. Seus inimigos estavam com fome e desarmados, e Antígono foi obrigado a voltar para a Síria (30 ou 31 de agosto de 309). As duas partes devem ter concluído um tratado de paz, porque Seleuco começou a conquistar as satrápias orientais, e Antígono esteve ativo no Ocidente. O ideal de uma unidade do império de Alexandre Magno sob um só governante estava cada vez mais longe.

A Quarta Guerra dos Diádocos (307-301 a.C.)
Enquanto Antígono enfrentava Seleuco na Babilônia, os demais Diádocos não permaneceram quietos. Ptolomeu conquistou Chipre (primavera de 309) e no Mar Egeu reorganizou a Liga Nesiótica, que fora criada por Antígono, em seu favor. No mesmo ano, Lisímaco, governador da Trácia e de porções da Ásia Menor, fundou a cidade de Lisimáquia e Cassandro, receoso de perder sua regência ante movimentos populares que reivindicavam que o rei Alexandre IV, então com 14 anos, já assumisse o poder, mandou matá-lo e a sua mãe. A dinastia dos Argéadas que havia fundado e governado a Macedônia por cerca de 500 anos fora enfim exterminada. O rei vivo já era uma fraca desculpa para os Diádocos não proclamarem plenamente sua independência e reivindicarem a realeza sobre os territórios que governavam. Com o rei morto, nada mais impedia isso. Antígono retornou à Síria e concentrava-se no Ocidente onde ele usou um estratagema contra Cassandro. Ele enviou um pretenso filho bastardo de Alexandre, o Grande, Hércules, e sua mãe Barsine para Poliperconte no Peloponeso. O velho general poderia usar mãe e filho para obter apoio para uma revolta contra Cassandro. No entanto, Cassandro convenceu Poliperconte a unir-se a ele e o jovem e sua mãe foram mortos. Antígono fundou na Síria a cidade de Antigônia (Antigoneia). A fundação de cidades com o próprio nome era uma tradição da realeza macedônica iniciada por Filipe II e muito difundida por seu filho Alexandre Magno. No caso dos diádocos, era uma clara declaração de autonomia e de pretensa realeza.
O Sol de Vergina: Símbolo da Realeza na Macedônia
Ptolomeu tentou angariar o apoio das cidades gregas proclamando sua autonomia e liberdade, mas sem muito sucesso, visto que também exigira apoio financeiro. Quando da passagem de Ptolomeu pelo Mar Egeu, Cleópatra da Macedônia, irmã de Alexandre Magno, tentou escapar de Sardes, onde era mantida como refém de luxo por Antígono, para juntar-se ao governante do Egito, no entanto, foi capturada, levada de volta a Sardes e assassinada. Embora Antígono tenha executado os assassinos e tenha dado a Cleópatra um belo funeral, a conclusão inevitável é que ele havia ordenado o assassinato. Sendo uma legítima princesa macedôncia e irmã do maior conquistador do mundo, ela representava poder demais para permanecer viva. Estando Antígono na Síria, o governante do Egito retornou para seu domínio para assegurar-se de qualquer ataque de Monoftalmo.
Ptolomeu
Em 307, Antígono enviou seu filho Demétrio à Grécia e ele trouxe a Liga Nesiótica novamente sob controle, e inesperadamente, desembarcou em Atenas, onde foi reconhecido como libertador e “deus” (10 de junho de 307). Isso iniciou a Quarta Guerra dos Diádocos. As guarnições de Cassandro e seu governador Demétrio de Falero foram expulsos e a democracia foi restaurada em Atenas. Os atenienses imediatamente começaram a reconstruir sua marinha para lutar ao lado de Antígono. A ação de Demétrio foi um verdadeiro golpe de mestre. Cassandro perdeu o controle da Grécia e tentava reorganizar o seu próprio território. Ele não podia apoiar Ptolomeu, que agora tinha de suportar sozinho o peso do ataque de Antígono. Na primavera de 306, Demétrio desembarcou sem oposição em Chipre, um dos territórios mais importantes de Ptolomeu.

Chipre Sitiada
Chipre foi defendida pelo irmão de Ptolomeu, Menelau, que ao combater o invasor foi derrotado e retirou-se para a cidade de Salamina, onde Demétrio manteve seu adversário isolado. No entanto, Menelau pedira reforços ao seu irmão. O cerco de Salamina durou algum tempo e apesar do impressionante maquinário bélico que Demétrio usou, a cidade não foi tomada. 
Cyprus in 306 BC
A campanha de Demétrio em Chipre
 Depois de algum tempo, Ptolomeu chegou e Demétrio ficou em desvantagem. No entanto, em uma batalha naval ao largo Salamina, ele esmagou a frota de Ptolomeu, o qual sem sequer conseguir reunir seus homens, voltou ao Egito deixando seu irmão a mercê de Demétrio. Vendo que não podia enfrentá-lo, Menelau se rendeu. A conseqüência da imediata da batalha foi que os Antigônidas foram reconhecidos por todos como os governantes mais poderosos do mundo grego.
O mundo helenístico durante a Quarta Guerra dos Diádocos
(após a tomada de chipre por Antígono, 306 a.C.)

Antígono I Monoftalmo, o Primeiro Rei Helenístico
Demétrio enviara Aristodemo de Mileto para comunicar a notícia da vitória a seu pai em Antigônia onde Antígono espera ansioso por notícias de Chipre. Aristodemo, desembarcando sozinho, fez grande suspense do resultado e não respondia aos emissários de Antígono que lhe vinham perguntar sobre o resultado. Impaciente e assustado, Antígono vai pessoalmente às portas do palácio ao encontro de Aristodemo que vem acompanhado de uma multidão. Assim, quando chegou perto, ele estendeu a mão e exclamou em voz alta: "Salve, rei Antígono, conquistamos Ptolomeu em uma batalha no mar e agora mantemos Chipre com 12.800 soldados como prisioneiros de guerra." Antígono respondeu: "Salve a ti também pelo Céu, mas por torturar-nos desta forma, tu sofrerás punição; a recompensa por tuas boas notícias demorará algum tempo para obetê-la". Mas a multidão que acompanhava Aristodemo saudou pela primeira vez a Antígono e seu filho como basileus (rei). Os amigos de Antígono ornaram o velho general com um diadema em volta de sua cabeça, enquanto a Demétrio foi enviado um diadema por seu pai e foi tratado como rei em uma carta que ele lhe escreveu.
Moeda de Antígono I com a inscrição:
ΒΑΣΙΛΕΩΣ ΑΝΤΙΓΟΝΟΥ([do] Rei Antígono) 
Era inevitável que em algum tempo um dos diádocos se proclamasse rei. Afinal, todos os descendentes de Alexandre, o Grande, e seu pai, Filipe II estavam mortos e parecia que o império macedônico estava prestes a ser reunido por uma nova e forte dinastia. Provavelmente, o uso do título de rei era algo planejado há algum tempo e não é era por acaso que Antígono tinha acabado fundar uma nova cidade.Quando a notícia foi relatada aos seguidores de Ptolomeu no Egito, eles também o proclamaram rei. Lisímaco, que fundara uma cidade com seu nome, começou usar a coroa, e assim também Seleuco nas suas relações com os gregos. Cassandro, no entanto, embora os outros escreveram para ele e se dirigissem a ele como rei, continuou a escrever cartas com o mesmo estilo de antes, sem usar o título, o qual assumiu em 305 a.C.

As "vitórias"  dos Antigônidas
Antígono preparou um grande exército e uma frota formidável sob o comando de Demétrio e apressou-se para atacar Ptolomeu no Egito. Por essa época (c.306 a.C.), parece ter morrido o filho mais jovem de Antígono, Filipe, que combatera o general Fênix de Tenedos, que havia deixado a causa de Antígono pela de Ptolomeu. Sua invasão ao Egito, no entanto, foi um fracasso, ele foi incapaz de quebrar as defesas de Ptolomeu sendo obrigado a se retirar ainda que infligisse grandes perdas a Ptolomeu. Demétrio em 305 a.C., tentou submeter a ilha de Rodes, que se recusara-se a ajudar Antígono contra o Egito. O cerco de Rodes durou um ano e terminou em 304 quando Demétrio, após uma obstinada resistência dos rodianos, foi obrigado a fazer um tratado de paz de acordo com os termos de Rodes, que consistia em construir navios para Antígono e ajudá-lo contra qualquer inimigo com exceção de Ptolomeu, a quem os rodianos que deram o título Soter (Salvador), por sua ajuda durante o cerco prolongado.
Trecho da ilha de Rodes, Grécia
Os diádocos mais poderosos do império de Alexandre eram agora reis por direito próprio: Cassandro, Seleuco, Ptolomeu e Lisímaco e responderam aos sucessos de Antígono aliando-se através de casamentos. Antígono logo se encontrou em guerra com todos os quatro, principalmente porque seu território partilhava fronteiras com cada um deles. Sendo o mais vulnerável de todos, Cassandro buscou a paz com os Antigônidas (302 a.C.). Mas eles, que tinham sido muito bem sucedidos e estavam convencidos de que poderiam derrotar plenamente Cassandro, exigiram a rendição incondicional, o que Cassandro não estava disposto a  aceitar. Ele rompeu as negociações e a guerra foi retomada. Demétrio invadiu a Tessália, mas não conseguiu derrotar o exército de Cassandro e esse tampouco obteve vitória.

A invasão de Lisímaco
Entretanto, Cassandro convocou seus aliados Ptolomeu do Egito, Lisímaco da Trácia e Seleuco da Babilônia para vir em seu auxílio. Os três homens estavam agora mais fortes do que quando a Quarta Guerra estourara e eles se comprometeram em atacar Antígono. Estes movimentos diplomáticos tornaram impossível para Demétrio continuar na Tessália e ele foi convocado por seu pai para deixar a Grécia e juntar-se a ele. Ele concluiu um armistício com Cassandro e retornou para o Oriente. Antígono concentrou seus exércitos na Ásia Menor (atual Turquia), porque Lisímaco invadira esta parte de seu reino. Embora Lisímaco parecesse inicialmente fraco ante as forças de Antígono, ele tinha um grande fundo de guerra e recebera várias unidades do exército de Cassandro. Ele invadiu a Ásia na costa oeste capturando as cidades de Sardes e Éfeso, duas cidades muito ricas. Como Antígono avançara em sua direção e Demétrio chegara da Grécia, Lisímaco ficou preso entre dois exércitos (verão 302). Cassandro enviou reforços, mas marinha de Demétrio os interceptou. No entanto, Lisímaco foi capaz de adiar uma batalha em larga escala, na esperança de que receber mais reforços.
Tessália
Ipso: A Batalha Final
No inverno de 301, os Antigônidas estavam próximos de encurralar Lisímaco, quando Ptolomeu invadiu a Síria e deteve o avanço de Antígono. Mas, por fim, Ptolomeu recuou quando recebeu a notícia falsa de que Antígono tinha sido vitorioso contra Lisímaco. Antígono e Demétrio se preparam agora para o golpe decisivo contra Lisímaco e a invasão vinda da Europa. Eles isolaram o seu adversário perto da cidade de Ipso na Frígia. Naquele momento, porém, Seleuco chegou com seu efetivo. Antígono tentara impedir sua chegada enviando um exército para a Babilônia para fazê-lo recuar, mas Seleuco tinha simplesmente ignorou esse estratagema, certo de que a batalha decisiva seria realizada na Frígia. Então, de repente ele apareceu em Ipso e justamente no campo de Lisímaco.
Os reinos dos Diádocos antes da batalha de Ipso
Apesar da grande perspectiva de vitória, Antígono, não mostrou seu habitual desprezo para com os adversários. O velho general-rei estava reflexivo e silencioso. Deixou claro a seu exército que Demétrio era seu sucessor e conferenciava sós com seu filho e em tenda. À noite, Demétrio teve um sonho com Alexandre Magno o qual interpretou favoravelmente a vitória dos Antigônidas. Ao amanhecer Antígono tropeçou e caiu; ao levantar-se rogou aos deuses que lhe concedessem ou a vitória ou uma morte sem conhecer a derrota. Não é exatamente claro o que aconteceu, mas é certo que Demétrio, que comandou a cavalaria de Antígono, enfrentou a Antíoco, filho de Seleuco, fazendo recuar seus oponentes e os perseguindo, deixando assim uma ala da infantaria de seu pai desprotegida e um alvo fácil para os elefantes de guerra que Seleuco trouxera. Então, as forças de Seleuco decidiram a batalha. Seleuco ameaçava atacar Antígono de modo que permitia que aqueles do exército do inimigo quisessem debandar para seu lado tivessem essa oportunidade. E muitos o fizeram. O restante pôs-se em fuga. Mas o velho rei Antígono ainda se manteve em sua posição, e quando um grupo de adversários investiu contra ele um de seus soldados gritou-lhe: "Senhor, eles estão vindo em cima de vós"; ele apenas respondeu: "O que mais deveriam fazer? Mas, Demétrio virá em meu socorro." E nessa esperança ele persistiu até o fim, olhando para todos os lados para ver se via a abordagem de seu filho, até que ele foi abatido por uma grande multidão de dardos. Seus seguidores e amigos fugiram, e somente Tórax de Larissa ficou guarnecendo seu corpo. Segundo Diodoro Sículo, o corpo de Antígono foi sepultado com honras reais. Demétrio conseguiu escapar com sua mãe, Estratonice, e uma pequena força para Chipre. Assim morreu o velho general e rei, aos oitenta anos.
Os reinos helenísticos após a batalha de Ipso
Os territórios de Antígono (Síria e Anatólia) foram divididos entre Lisímaco (que recebeu a parte ocidental da Anatólia), Cassandro (que recebeu Cilícia e Lícia, mas cedeu-as para Pleistarco, seu irmão), e Seleuco recebeu a Síria, mas constatou que a parte sul da mesma, Cele-Síria, tinha sido arrebatada por Ptolomeu. A falta de fundos impediu o imediato ataque de Seleuco sobre Ptolomeu, mas a causa de vindouros conflitos já estava fecundada (as Guerras Sírias, 280-168 a.C.). Ariarates II, descendente dos antigos sátrapas persas, conseguiu tornar a Capadócia independente. A batalha de Ipso pôs fim a cerca de 20 anos de guerras e conspirações em nome de uma pretensa unidade do império de Alexandre. Agora, não há mais descendentes de Alexandre para proteger ou se guerrear em seu nome muito menos regentes plenipotenciários. Com a morte de Antígono, o sonho da unidade de todos os territórios conquistados por Alexandre se fora. Segundo o historiador Plutarco em suas Vidas Paralelas se Antígono não fosse tão ambicioso em querer ser o único senhor de todo o império de Alexandre teria ao menos conservado os territórios que já dominava e legado a seus descendentes. Porém, se seu reino foi conquistado e dividido entre seus adversários, a dinastia Antigônida não se extinguira e estaria ligada ao destino da Macedônia até a conquista romana no século II a.C.

REFERÊNCIAS:
http://www.livius.org/di-dn/diadochi/diadochi_t02.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Antigonus_I_Monophthalmus
http://en.wikipedia.org/wiki/Babylonian_War
http://www.livius.org/di-dn/diadochi/war07.html
http://www.historyofwar.org/articles/people_antigonusI.html
http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Plutarch/Lives/Demetrius*.html
http://www.livius.org/io-iz/ipsus/ipsus.html
http://penelope.uchicago.edu/Thayer/E/Roman/Texts/Diodorus_Siculus/21*.html
http://karenswhimsy.com/ancient-babylon.shtm

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